Industrializar para crescer ainda mais. Com esse objetivo, o Conselho Temático da Agroindústria (CTA) da Fieg, liderado pelo empresário Marduk Duarte, promoveu quarta-feira (14/06), na Casa da Indústria, o seminário Mercado de Capitais e Agroindústria: Tendências e Oportunidades na Captação de Recursos. O evento, que contou com participação virtual do presidente da Fieg, Sandro Mabel, na abertura, e presencial do presidente do Sincafé, Jaques Silvério, reuniu empresários ligados ao agronegócio que buscam investimentos para ampliar a produção.
Com casa cheia de interessados no assunto, os especialistas Arthur Bueno Ferreira, Ricardo Carvalho, Marcelo Riytiro Maehara e Cristiano Benvindo, que representam empresas especializadas em consultoria de governança, finanças corporativas e captação de recursos, apresentaram panorama de oportunidades para acesso ao crédito, de olho na ampliação de investimentos no setor e fomento da agroindústria em Goiás.
Ricardo Carvalho, sócio da InDevCapital, citou estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) que mostra que, até 2050, a produção de alimentos deve aumentar 60% para alimentar uma população mundial de 9,7 bilhões de pessoas e o Brasil terá papel fundamental nesse fornecimento para o mundo nos próximos 20 anos.
"A demanda por crédito para financiar o crescimento da oferta de alimentos será gigante. Entretanto, houve uma redução dos níveis de crédito controlado [Plano Safra] para agricultura nos últimos anos. A maior evidência dessa insuficiência é a ocorrência das operações de Barter", explicou o especialista, em referência ao pagamento pelo insumo por meio da entrega do grão na pós-colheita, sem a intermediação monetária.
"Nosso foco é crédito de longo prazo. Não somos BNDES, mas conseguimos liberar de forma rápida o capital. A gente se dispõe a montar o plano junto com o empresário, considerando fluxo de caixa e estimando de forma conservadora para assegurar a viabilidade", disse Carvalho, ressaltando o fato de que o crédito subsidiado não crescerá e que as operações de Barter são caras e, na maioria das vezes, pouco transparentes quanto ao custo efetivo que o produtor está pagando de juros. "Até 2030, 50% do financiamento do campo deverá ser via mercado financeiro, sobretudo do mercado de capitais."
Levantamento da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) mostra que Goiás é o quinto Estado que mais recebe crédito rural no País, enquanto Rio Verde é a cidade brasileira que mais contrata crédito para o agronegócio. Em 2022, o município do Sudoeste Goiano movimentou R$ 2,26 bilhões em contratos. Somente no primeiro quadrimestre de 2023, já foram R$ 1,79 bilhão em operações de crédito. "Temos potencial para crescer e precisamos só de parceiros", afirmou Petherson Santana, gerente de Desenvolvimento Regional e Inovação Agropecuária, que representou a Seapa no seminário.
CEO da AgroBens, plataforma de negócios e tecnologia para a área do agro, Marcelo Riytiro Maehara listou as diversas modalidades de crédito para o agronegócio hoje disponíveis no mercado e destacou que a captação de recursos via fundos de investimento promove uma democratização e descentralização do crédito. "Tem muito recurso lá fora, mas precisamos estar adequados às normativas ESG. As empresas precisam organizar seus processos para receber esses recursos e estamos prontos para apoiar o empresário nesse processo", afirmou.
O presidente do CTA, Marduk Duarte, ressaltou as oportunidades para o crescimento da agroindústria em Goiás. "Nos últimos três anos, as oito maiores cadeias produtivas do Estado movimentaram R$ 69 bilhões em importações. São mais de R$ 20 bilhões ao ano que importamos em matéria-prima que podemos industrializar aqui. Temos essa capacidade para ampliar nossa produção. Precisamos é de investimentos para transformar esse cenário", afirmou o empresário, citando estudo conduzido pela Fieg, em parceria com o Sebrae e com execução da Universidade Federal de Goiás (UFG), que fez amplo levantamento das cadeias produtivas goianas.
"São inúmeras oportunidades que temos aqui, da porteira pra dentro, da indústria pra dentro. Precisamos potencializar e viabilizar isso. Nosso papel é esse, fomentar essa conexão", concluiu Marduk.
Leonardo Lobo, sócio da Leon Capital – empresa parceira da Fieg na organização do seminário –, destacou a importância estratégica de Goiás no agronegócio e a cooperação com a Federação das Indústrias para democratizar o acesso ao crédito para o setor. "Estamos dentro da Fieg para facilitar essa conexão com investidores, com o compromisso de desenvolver a indústria e fomentar toda cadeia."
Para ele, Goiânia é hoje a Chicago do Brasil, com vocação para centralizar a movimentação financeira da produção de commodities do centro do País, além de estar consolidada como importante polo de moda, cultural e de hospitais do Centro-Oeste.
O seminário Mercado de Capitais e Agroindústria: Tendências e Oportunidades na Captação de Recursos contou com apoio do Sebrae Goiás e reuniu quase uma centena de empresários, entre participação presencial e remota, via Zoom Cloud Meetings.