A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) realizou na tarde desta quarta-feira (14/3) uma mesa redonda com representantes do setor produtivo brasiliense para debater a Conjuntura do DF. Entre os segmentos participantes, é unânime: a retração econômica no DF vem desacelerando gradativamente, contudo num ritmo mais lento se comparado à recuperação verificada em âmbito nacional. O Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon-DF) apresentado na ocasião revela redução de 0,3% em 2017. Se analisados apenas os últimos três meses do ano, houve alta de 1,1% da atividade econômica do DF, quebrando um ciclo de 11 trimestres de queda.
Compuseram a mesa o diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Bruno Cruz, o vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), Eloy Corazza, o assessor de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Diones Cerqueira, e o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Eustáquio de Carvalho.
Os dados do Boletim de Conjuntura do DF refletem o sentimento dos setores quanto à melhoria da atividade econômica. No quarto trimestre de 2017, a agropecuária cresceu 11,1%, contra 9% registrado no mesmo período do ano passado; a indústria retraiu 1,8%, contra queda de 2,6% no mesmo período de comparação; e os serviços aumentaram 1,2%, contra retração de 2,3% também frente ao quarto trimestre de 2016. Em contrapartida, a economia brasileira teve avanço de 1% no ano e de 2,1% no quarto trimestre.
As peculiaridades do Distrito Federal explicariam a recuperação mais lenta, segundo os debatedores. Trata-se de uma cidade cujo setor público tem participação de 45% no Produto Interno Bruto (PIB) local e que, portanto, gera alta dependência do setor privado pelas contratações públicas, que giram em torno de R$ 27 bilhões ao ano.
Durante o debate, Corazza ressaltou a dificuldade de uma recuperação mais pujante da atividade econômica local, em função da “crise fiscal que passa o DF, causado pela impossibilidade de redução de gastos públicos, que, em sua maioria, são obrigatórios”.
A Fibra defendeu a elaboração de políticas públicas que sejam condicionadas ao Estado e não ao tempo, como a criação de uma Agência de Investimentos que seja capaz de dar ao setor privado segurança jurídica para investir, ao criar a institucionalidade necessária à promoção do crescimento econômico. “Não há, no DF, fundos de investimentos para dar suporte às operações financeiras de grande porte”, ressaltou Cerqueira. Na oportunidade, a Fibra e a Fecomércio apresentaram dados acerca da melhoria da confiança do empresário local. Contudo, ambos ainda estão receosos em investir em seus negócios.
Para a gerente de Contas e Estudos Setorias da Codeplan, Clarissa Schlabitz - que apresentou o Boletim de Conjuntura do DF durante o evento - ainda que o quadro de 2017 se mostre recessivo, o resultado do quarto trimestre oferece um quadro de reversão para quase todas as variáveis econômicas relevantes, com números positivos. “Se a atividade econômica do DF continuar nessa trajetória de lenta recuperação, teremos um ano melhor do que 2017 e ainda melhor que em 2016”, finaliza.
Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad)
Também é de responsabilidade da Codeplan a realização da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). Para isso, a Companhia contará, em 2018, com os serviços do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-DF). Esta será a primeira vez que o questionário será aplicado por meio digital. Com software específico para a Pdad desenvolvido pelo IEL-DF, os pesquisadores preencherão as questões em um tablete, o que facilitará a análise das informações. Os pesquisadores já estão em campo.
Texto: Suzana Leite
Foto: Toninho Leite
Assessoria de Comunicação do Sistema Fibra