A qualidade da educação e o aumento da produtividade são imprescindíveis para o Brasil voltar a crescer de forma sustável. A conclusão é da primeira rodada do ciclo de discussões Diálogos: os caminhos para a indústria. Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), os Diálogos apontaram os caminhos para a superação dos problemas que afetam as empresas e a economia brasileira. O primeiro evento da série reuniu 60 líderes empresariais, economistas e acadêmicos nesta segunda-feira (24), no escritório da CNI em São Paulo.
Na abertura, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explicou que os encontros visam a revisão do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 e a construção de uma agenda para o futuro do país. “Vamos discutir o momento, fazer um balanço do que mudou, o que pode ser feito e no que podemos avançar”, disse Andrade.
Os participantes do encontro concordaram que o Brasil precisa buscar, antes de tudo, o equilíbrio das contas públicas. A aprovação da proposta de emenda constitucional que limita o crescimento dos gastos públicos é apenas o começo. O ajuste fiscal de longo prazo requer a reforma da Previdência Social e o equilíbrio permanente entre receitas e despesas dos governos.
A melhora do ambiente de negócios, um dos determinantes da competitividade brasileira, depende da reforma no sistema tributário. As mudanças, na visão dos empresários, devem simplificar e aumentar a eficiência do sistema de arrecadação de impostos, acabar com regimes especiais, desonerar a produção, as exportações e os investimentos e tributar o consumo. Outras ações indispensáveis são a modernização da legislação trabalhista, com a valorização da livre negociação entre trabalhadores e empregadores e a revisão da estratégia de inserção internacional das empresas.
NORMAS CLARAS E ESTÁVEIS - Os empresários destacaram ainda que o país necessita de regras claras e duradouras para atrair investimentos em infraestrutura, ter instituições qualificadas e estáveis e um Estado que interfira menos na economia. As empresas, por sua vez, devem se concentrar no aumento da produtividade, na melhoria da qualidade dos produtos e processos, na modernização tecnológica e na busca pelos mercados externos.
Os debates tiveram a participação do presidente da empresa de energia e combustíveis Cosan, Marcos Lutz, e do presidente da General Eletric no Brasil, Gilberto Peralta. Eles relataram as dificuldades que as empresas enfrentam no Brasil. O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Portela falou sobre os custos e a produtividade do trabalho. O professor Isaías Coelho, também da FGV, e o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, mostraram como as distorções do sistema tributário brasileiro prejudicam o crescimento. O sócio da consultoria MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, e o presidente do Insper, Marcos Lisboa, fizeram um diagnóstico da economia e apontaram as ações necessárias para o país sair da crise e voltar a crescer.