Convidado pela Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto) para participar do 2º Encontro Estadual da Indústria, o renomado economista Ricardo Amorim ministrou a palestra “Economia Industrial na Dinâmica da Crise” e demonstrou, apresentando fundamentações históricas, grande otimismo em relação à retomada do crescimento econômico em todo o Brasil, inclusive no setor da construção civil que, segundo ele, “vive um momento de boas oportunidades de negócios” e “deve já estar se preparando para a alavancada”. O evento aconteceu na noite desta quarta-feira, 21, no auditório do Centro de Tecnologia e Educação do Senai (Cetec), em Palmas, reunindo o presidente da Fieto, Roberto Pires, representantes de entidades industriais, como o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Tocantins (Sinduscon-TO), Bartolomé Alba Garcia, além de outros empresários e autoridades estaduais.
Em entrevista concedida ao Sinduscon-TO, Amorim disse que o setor da construção vive, nos últimos anos, um período em que as pessoas se retraíram por receio da crise e, consequentemente, levaram as empresas do ramo à mesma retração, o que diminuiu as demandas por imóveis, tanto comerciais quanto residenciais, algo agravado com a dificuldade de obtenção de financiamento por parte dos compradores, os impedindo de efetivar a compra realizada. Para o economista, é justamente aí que está a grande oportunidade para aqueles que estão capitalizados: a queda dos preços. “O meu ponto é: isto [a crise no setor] levou a uma depressão de preços de imóveis, de terrenos. Então, para quem está capitalizado hoje, do ponto de vista do comprador de imóvel, é uma tremenda oportunidade. Já do ponto de vista das empresas, é um momento de compra de terrenos, porque os preços não estão como estavam há dois, três anos. Outro ponto: a oportunidade de compras de eventuais concorrentes também existe neste contexto. Enfim, quem está capitalizado está na melhor hora do mundo para fazer bons negócios exatamente porque tem muita gente em uma situação mais complicada”, ressaltou o apresentador do Manhattan Connection.
Ainda de acordo com Ricardo Amorim, para as empresas da construção civil, o momento também é de se investir na qualificação da equipe, pois ele acredita que a retomada do crescimento do setor não deve tardar, exigindo preparo para ser otimizada. “Para as empresas, é sugerido que se busque melhorar a qualificação da equipe, o que pode ser feito de duas formas: ou trazendo gente boa, eventualmente até substituindo, se for o caso; ou treinando as que já estão lá. Porque, nesta hora [da retomada do crescimento], você tem que ter gente que esteja preparada para fazer esta alavancada, e ela só vai acontecer se a equipe estiver boa. E o meu ponto é: para ela estar boa você tem que ter preparado o terreno antes, ela não fica boa ao dizer ‘vamos lá, gente, é agora!’, porque não é assim que acontece”, afirmou o diretor da Ricam Consultoria, prestadora de assessoria econômico-financeira.
Discursos consonantes
Presidente do Sinduscon-TO, Bartolomé Garcia saiu satisfeito da palestra de Amorim, principalmente, por notar que o pensamento que ele vinha compartilhando com os associados da entidade patronal vai ao encontro do apresentado pelo especialista econômico, o que traz mais otimismo. “É indispensável manter a confiança. Eu venho conversando com os nossos associados há mais de um ano, dizendo que em momentos de crise nós precisamos nos reinventar, que as empresas têm de se adaptar aos novos tempos e aos que vão vir, pois sempre haverá altas e baixas no setor. E o que o Amorim mostra é, justamente, que a economia é cíclica e que as empresas devem se acostumar a isto porque as que conseguirem se moldar saem fortalecidas após a crise e vão largar na frente das concorrentes. E ficamos otimistas porque o atual cenário brasileiro já se mostra em recuperação econômica. O problema da crise tinha, essencialmente, aspecto político, e a parte financeira vem atrelada à política, pois é nela que se cria a confiabilidade no País, e esta confiança já volta a aumentar, trazendo o aumento, também, dos investimentos junto a ela”, avaliou o presidente Bartolomé.