O indicador de evolução da produção da indústria caiu para 39,6 pontos e o de número de empregados recuou para 45,2 pontos. As informações são da Sondagem Industrial, divulgada nesta sexta-feira (18), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os indicadores de evolução da pesquisa variam de zero a cem. Valores abaixo de 50 indicam queda na produção e no emprego.
Conforme a pesquisa, o aumento dos estoques em relação ao planejado completou o cenário de desaquecimento da atividade em junho. O nível de estoque efetivo em relação ao planejado subiu para 52,1 pontos. O indicador varia de zero a cem, acima de 50 revela excesso de estoques. "Certamente há aspectos atípicos em junho e a realização da Copa afetou de forma excepcional os resultados do mês. Todavia, os resultados da Sondagem nos últimos meses indicam que o quadro negativo é antigo e o agravamento de junho deverá ter consequências mais duradouras. É pouco provável a possibilidade de uma recuperação rápida e sustentada da indústria no curto prazo", analisa a CNI.
O índice de evolução da produção ficou abaixo da linha divisória dos 50 pontos pelo oitavo mês consecutivo e alcançou o menor valor desde 2010. O número de empregados caiu em todos os portes de empresas e na maioria dos setores da indústria extrativa e de transformação. A utilização média da capacidade instalada caiu para 68%, o menor percentual da série histórica mensal que começou em 2010.
OBSTÁCULOS - A falta de demanda foi apontada como um das principais dificuldades enfrentadas pela indústria no segundo trimestre. Assinalado por 40,7% das empresas, o problema subiu da quarta para a segunda posição no ranking e só é superado pela elevada carga tributária, que teve 54,5% das menções dos empresários. O problema da falta de demanda ganhou importância para as empresas de todos os portes. No entanto, foi mais significativo para as grandes empresas. No primeiro trimestre do ano, a falta de demanda foi mencionada por 21,6% das indústrias de grande porte. Esse número aumentou para 41,6% no segundo trimestre.
Também estão no topo da lista dos problemas, a competição acirrada, com 31,3% das menções, e o alto custo das matérias-primas, com 25,4% das assinalações. A Sondagem observa ainda que a inadimplência dos clientes, com 18,6% das respostas, e a falta de capital de giro, com 18,9%, ganharam importância entre os obstáculos ao crescimento das empresas.
SITUAÇÃO FINANCEIRA - A pesquisa revela que, no segundo trimestre, aumentou a insatisfação da indústria com as margens de lucro e com a situação financeira. O índice de satisfação com a margem de lucro operacional caiu para 39,3 pontos, o menor desde o segundo trimestre de 2009. O indicador de satisfação com a situação financeira recuou para 44,6 pontos. Ambos os indicadores se afastaram ainda mais da linha dos 50 pontos, que separa a satisfação da insatisfação. Além disso, os preços das matérias-primas aumentaram e o acesso ao crédito continua difícil.
A pesquisa destaca que o agravamento das condições da indústria afetará toda a economia. "A superação desse quadro exige medidas efetivas, amplas e permanentes, capazes de reverter o ciclo negativo de falta de confiança, baixo investimento e queda na produção", recomenda a CNI.
Esta edição da Sondagem Industrial foi feita entre 1º e 11 de junho com 2.115 empresas, das quais 849 de pequeno porte, 770 médias e 496 grandes.
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