Produção com padrão rigoroso, foco na qualidade e muita tecnologia aplicada. Essas foram as constatações dos empresários mato-grossenses sobre a indústria alemã depois de visitarem a Feira Hannover Messe, na Alemanha, e algumas unidades industriais daquele país entre os dias 07 e 11 de abril. No país europeu, os diretores do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt) conheceram mais de perto a realidade da linha de produção alemã, considerada a mais inovadora do mundo.
Gustavo Pinto Coelho de Oliveira, vice-presidente da instituição, visitou a feira pela primeira vez e ficou impressionado com a padronização dos procedimentos lá encontrados. “Na fábrica da Mercedes Benz, pudemos ver o que realmente é o caminho para uma indústria de quarta geração. Os automóveis hoje já percorrem a linha de produção com a aplicação de um adesivo com QR Code (gráfico 2D com informações pré-estabelecidas) que contém nele toda a informação de montagem, acessórios e acabamentos a serem aplicados naquele veículo. O produto já leva consigo ao longo da linha de produção a inteligência necessária para facilitar serviços posteriores. Numa próxima etapa, ao invés dos robôs decidirem por programação prévia o que aplicar naquele automóvel, o produto é que lhes dirá o que aplicar neles, através de tecnologias como RFID (identificação por rádio frequência) e QR codes”.
A comitiva brasileira contou com cerca de 80 empresários, sendo 27 mato-grossenses dos setores da construção civil, alimentação, metalmecânica, mineração, confecção e madeireira. Além das visitas aos estandes da feira, onde havia mais de cinco mil expositores, os participantes conheceram a sede da Volkswagen na cidade de Wolfsburg. São cinco mil robôs e 60 mil funcionários trabalhando diariamente na linha de montagem e a fábrica possui ainda uma estação ferroviária privada e um porto particular, para atender à entrada de insumos e saída de produtos, e seis mil bicicletas para mobilidade interna dos empregados.
Gustavo comenta ainda que nas três fábricas visitadas, Airbus, Mercedes Benz e Volkswagen, foi possível identificar que o padrão alemão não está focado na velocidade de produção, mas sim na qualidade, atendendo sempre às metas pré-estabelecidas com muito rigor. “Na missão técnica, no dia a dia, em restaurantes e meios de transporte, foi possível ver que os alemães têm uma cultura bastante favorável à padronização dos processos com foco na eficiência e na qualidade do produto final”, pontua.
Outro sistema que chamou muito a atenção dos empresários que foram à Alemanha é a segurança oferecida nas fábricas. “Um funcionário trabalhar sem o equipamento de proteção individual (Epi) é algo impensável para nós. Mas na Alemanha, as estações de trabalho têm uma ergonomia projetada para que a posição de trabalho seja confortável, e o nível de ruído é controlado para que não seja necessário o protetor auricular. Existem até mesmo robôs que viram os carros de cabeça para baixo, para que o trabalhador não precise ficar embaixo do automóvel na hora da montagem. Por outro lado, a empresa fornece e recomenda o uso dos EPIs, mas os trabalhadores com seu sindicato é que decidem se seu uso será obrigatório ou facultativo. Os alemães respeitam muito a liberdade individual, e não acreditam num modelo de relação de trabalho paternalista. As decisões são tomadas em conjunto e parceria entre empresa e empregados e, com isto, podemos notar como resultado desta política, um ambiente de trabalho muito mais seguro e mais tranquilo”.
Para Helmute Hollatz, proprietário da construtora Salas e diretor da Fiemt, a Feira de Hannover promove um alto grau de conhecimento sobre inovação no setor industrial que pode ser adequado à realidade nacional. “Em termos de adaptação e adequação da tecnologia, a missão em Hannover é muito válida e a Alemanha tem muito a oferecer para o mundo”.
Missão Feira Hannover Messe 2014
Coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a missão à Feira de Hannover é realizada pela Fiemt em parceria com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), por meio da Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil).