“A indústria é capaz de recuperar a economia de um País. É disso que precisamos neste momento. É preciso ter um projeto de desenvolvimento da indústria brasileira, reindustrializar o Brasil, criar condições para o País ter uma indústria competitiva, eficiente e inovadora”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, durante a abertura do encontro.
Andrade pontuou que as adversidades trazidas pela pandemia exacerbaram os velhos obstáculos para se fazer negócios no Brasil, reforçando a necessidade de avançar a agenda de reformas. A modernização do sistema tributário é passo indispensável para se remover o principal fator do chamado Custo Brasil, que reduz a capacidade das empresas brasileiras de competir em igualdade de condições com a concorrência mundial, seja no mercado interno ou no comércio internacional.
“Em paralelo às reformas estruturantes, devemos acelerar a nossa adaptação às grandes tendências do século 21. As mudanças climáticas e a quarta revolução industrial já estão presentes no nosso dia a dia e trazem novos desafios para o Brasil”, disse.
Ajuste de contas, política industrial e cadeia produtiva são destaques do primeiro dia de evento
O Brasil precisa ajustar as contas públicas se quiser ter crescimento econômico sustentável e saudável nos próximos anos. Essa foi a mensagem principal do painel Perspectivas para a Economia Brasileira, que ocorreu no primeiro dia do Enai e contou com a participação da economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e do economista Eduardo Gianetti, com moderação do gerente-executivo de Economia da CNI, Renato da Fonseca.
Segundo os especialistas, as medidas emergenciais adotadas pelo governo para o enfrentamento à pandemia foram importantes para reduzir os impactos negativos na economia, mas não podem se perpetuar por muito tempo sem conter outras despesas dentro do teto de gastos.
Entre as prioridades para o País recuperar a sustentabilidade das contas públicas está aprovar uma ampla reforma administrativa que reduza o engessamento do orçamento público.
De acordo com Gianetti, a questão do ajuste das contas públicas é fundamental diante de incertezas em relação à pandemia, ao momento em que sairá a vacina para combater o coronavírus e ao comportamento de consumidores e investidores.
“Precisamos recuperar a confiança na economia brasileira, precisamos dessa ancoragem fiscal por meio de uma reforma administrativa, reajuste no salário-mínimo sem aumentar o poder de compra, privatizações e concessões e manutenção de taxa de juros baixa”, destacou o economista.
Outro ponto prioritário é a retomada das discussões sobre a reforma tributária para tornar o ambiente mais favorável aos negócios. Na visão de Ana Paula, não é necessário aumentar a carga tributária se a sociedade desejar um Estado menor. “Trazer eficiência nesse campo em que temos ineficiência poderá trazer aumento da arrecadação via uma economia mais pujante”, disse.