Crescer e ter sua marca reconhecida no mercado da moda sempre foi um sonho de Ana Paula Vieira, de 36 anos. A brasiliense é sócia da Fabrika, que confecciona uniformes e peças de moda fitness. Ao lado da mãe, Ana Bomfim, ela começou o empreendimento em 2006 como uma revendedora multimarcas, em Planaltina. Hoje as duas são proprietárias de uma fábrica no Lago Norte que emprega seis funcionários e contrata terceirizados de acordo com a produção.
Agora, o próximo passo é vender a outros países. Em 2017, um comprador dos Estados Unidos se interessou pelas peças de moda fitness da Fabrika, mas a burocracia e o desconhecimento nos procedimentos para fechar a venda fizeram com que Ana Paula desistisse. “Foi exigida uma série de documentos da empresa e o tempo que eu tinha não era o suficiente. Além disso, eu não tinha segurança nem sabia qual era o melhor caminho para solucionar os problemas”, conta.
A fim de entender e aprender sobre o mercado internacional ela buscou a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN-DF), e foi selecionada para participar do projeto Plano de Marketing Internacional, desenvolvido em parceria com a Universidade Católica de Brasília desde 2016. Nesse projeto, alunos do curso de Relações Internacionais elaboram planos personalizados para que empresas brasilienses comecem a fazer negócios no mercado externo.
Neste ano, 23 universitários, divididos em três grupos, se dedicaram à elaboração dos planos de marketing da Fabrika, da Flavia Laboissiere (moda feminina) e da Nós Mercado Criativo (moda feminina). O projeto começou em abril. Os estudantes fizeram visitas aos empreendimentos, participaram de reuniões com as empresárias e de encontros semanais com a gerente do CIN-DF, Viviane Brunelly, e com a professora de Marketing Internacional da Católica Camilla Cunha.
A apresentação dos três planos foi nessa quinta-feira (13), no auditório da Fibra. A gerente do CIN-DF enfatizou que é o pontapé para a internacionalização desses pequenos negócios. “É uma porta de entrada para começar a se aprofundar, entender os termos e daí em diante fazer cursos e workshops para entrar no mercado externo”, disse Viviane antes da apresentação.
Os sete estudantes que trabalharam no plano da Fabrika fizeram uma análise do mapa de oportunidades de vendas em todo o mundo e detectaram que os locais mais favoráveis para o produto são os países da América do Sul. Os universitários definiram a Colômbia como o melhor destino para consolidação da marca no mercado internacional.
Eles também identificaram a melhor forma de exportação e sugeriram o uso de cores e elementos gráficos culturais, além da utilização de etiquetas bilíngues e de fácil remoção. Destacaram, ainda, a importância de se investir em mídias sociais e nas vendas online.
Depois de assistir à apresentação dos alunos da Católica, Ana Paula ficou empolgada com o que pode acontecer em médio e em longo prazo. “Foi muito maior do que era a minha expectativa. Eu vi que eles se preocuparam com tudo, desde a comunicação até a pesquisa”, avalia.
Flavia Laboissiere, proprietária da marca homônima, também gostou do resultado. “Quero mesmo internacionalizar a marca. Não sei se vai ser neste ano, mas este plano é muito importante para eu saber por onde começar. Tenho que preparar com tempo, ver a documentação e tudo que precisa para, quando acontecer, dar tudo certo.”
Plano de Marketing Internacional
Na parceria entre a universidade e a Fibra, os estudantes aplicam na prática o que aprendem na graduação. Nos primeiros três anos, o projeto atendeu empreendimentos dos segmentos de alimentos, cosméticos, vestuário, tecnologia da informação, movelaria e de pedras como mármore e granito. A seleção das empresas, feita pelo CIN-DF, tem base em três critérios: interesse, potencial do produto e comprometimento com o projeto. Elas não têm nenhum custo para participar.
Um plano de marketing internacional consiste na análise da empresa e do produto, na escolha do tipo de internacionalização, no estudo dos ambientes econômico, político, jurídico, tributário e cultural dos possíveis países de exportação, na análise logística de envio dos produtos e no projeto de divulgação. “O mercado internacional não é tão difícil e está ao alcance de todos. O plano indica ações de longo e de médio prazo e outras que precisam começar a ser executadas agora para essas empresas chegarem lá”, explica a professora Camilla Cunha.
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