Fonte: Seja Digital e SBTVD-T/Equipe eCycle.
Quem não tem ou pelo menos já teve um aparelho de TV? Essa máquina passou a ter um canal brasileiro em 1950, fundado pelo jornalista Assis Chateaubriand, a TV Tupi. Mas muito diferentemente da época do Chateaubriand, em que uma televisão custava lá pelos sete mil dólares e quase ninguém podia comprar, hoje em dia ela está presente em 97,2% das residências do país (dados de 2013). E com exceção daqueles que resgatam e utilizam objetos vintage por gosto, viabilidade ecológica ou necessidade econômica, em geral, com a evolução da tecnologia, a baixa nos preços, o que acaba acontecendo é que as pessoas resolveram trocar a TV quebrada ou antiga por versões mais modernas. Mas com tanta gente comprando cada vez mais TVs novas ocorre o aumento de descartes, que proporciona aumento do lixo eletrônico no meio ambiente. Em 2005, o Brasil já ocupava a primeira posição de país gerador de lixo eletrônico da América Latina, produzindo 97 mil toneladas ao ano!
Como descartar e como reciclar uma televisão?
O lixo eletrônico, incluindo a televisão, é composto por mais de mil tipos de substâncias, mas existem algumas distinções entre os televisores mais atuais e os de tubo - que são significativas no que diz respeito aos impactos ambientais que podem causar e às suas formas de reciclagem.
TV de tubo
No caso da TV de tubo - ou televisores de CRT (Cathode Ray Tube, que em português significa Tubo de Raios Catódicos) -, presente em 61,6% dos lares da população brasileira em 2013, os componentes tóxicos de um CRT são variados e causam inúmeros danos ao ambiente e aos seres humanos, mas o problema maior é o chumbo que, por aparelho, pode conter de um a quatro quilos. O chumbo, se descartado de forma incorreta e contaminar o lençol freático e o solo, pode causar danos em todos seres que o acumularem em seu organismo. Em concentrações elevadas no corpo humano por meio do consumo de alimentos e água contaminados, pode causar a curto prazo perturbações gastrointestinais, danos hepáticos e renais, hipertensão e alguns efeitos neurológicos. E, em longo prazo, pode causar anemia, tremores e paralisia, déficit de atenção e má formação do feto.
TV de LCD
s TVs mais atuais como a de tela de LCD (Liquid Crystal Display, que traduzido literalmente é “Tela de Cristal Líquido”) possuem arsênio no vidro da tela e mercúrio em suas lâmpadas fluorescentes, que servem para iluminar a tela. O mercúrio, que em minúscula quantidade já foi usado para tratar machucados (depois foi proibido), em maiores quantidades presentes na água destinada ao consumo humano, por exemplo, pode deteriorar o sistema nervoso, causar perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência. O arsênio, em contato com a pele, vias respiratórias e digestivas em quantidades significativas, pode causar intoxicação crônica levando à lesões dérmicas, como hiper e hipopigmentação, neuropatia periférica, câncer de pele, bexiga e pulmão, rins e doença vascular periférica.
TV de plasma
As TVs de plasma possuem estrutura semelhante à dos monitores LCD. Elas são basicamente duas placas de vidro e eletrodos, que são compostas por microtubos fluorescentes que geram a imagem a partir de uma camada de fósforo, utilizando o princípio de funcionamento das lâmpadas fluorescentes. E como se sabe, o fósforo é um nutriente essencial para todos seres, entretanto, em alta concentração no solo pode escorrer para os sistemas aquíferos e causar eutrofização, desequilibrando-os ecologicamente.
Monitor de LED
Em contrapartida, as telas de tecnologia LED (Light Emitting Diode, ou melhor dizendo, Diodo Emissor de Luz), apesar de possuírem metais pesados em sua composição geral, são feitas de lâmpadas LED completamente recicláveis. Seus monitores são compostos por vidro e alumínio, que diferentemente do arsênio e mercúrio presentes no vidro e nas lâmpadas da tela de LCD, são mais viáveis ambientalmente. Outra característica que torna os monitores de LED mais viáveis ecologicamente é o fato de serem energeticamente mais eficientes.
Além do chumbo, do arsênio, do mercúrio e do fósforo, dentre tantas substâncias presentes nas TVs, podemos destacar o cádmio e o bário, que também estão presentes nas TVs comuns. Se descartados de forma incorreta no ambiente e acumulados no organismos através da ingestão de alimentos e água contaminados, esses elementos podem causar danos graves à saúde dos animais e humana. O cádmio pode causar câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose. E o bário pode causar inflamação severa gastrointestinal, paralisia do músculo respiratório, arritmia cardíaca, parestesias, hipocalemia profunda, fraqueza generalizada, diarréia, vômitos, entre outras doenças.
Reciclagem
No processo de reciclagem ideal de qualquer tipo de TV é preciso muita cautela, pois em contato direto com os metais pesados, principalmente, a saúde dos trabalhadores de cooperativas de reciclagem também fica em risco.
Após a coleta do material, o equipamento passa por uma triagem que definirá se o aparelho está em condições de uso, e caso esteja funcionando, será levado para projetos de reutilização.
No caso do descarte de TVs de tubo, se não forem encaminhadas para a reutilização e sim para a reciclagem, será feita a descontaminação minuciosa do CRT para poder ser reaproveitado em outros produtos, o que torna o processo caro.
As partes do gabinete e peças internas serão separadas e acondicionadas em recipientes específicos. Para separar o painel, um fio será aquecido eletricamente em volta da junta que une o painel e o funil. Entretanto, o processo é demorado e podem ocorrer imperfeições.
O funil de vidro contendo chumbo pode ir para a fundição de chumbo, que irá utilizar um processo térmico para recuperar o metal.
Já em relação aos televisores atuais, a maioria dos trabalhos de pesquisa está focada na recuperação dos metais presentes nas placas de circuito impresso (PCI), que possuem em sua composição materiais de valor como ouro, prata, platina, sílica, níquel, estanho, platina, entre outros, que futuramente podem vir a fazer falta caso não sejam reutilizados, inclusive na área da saúde, como é o caso da platina. E num processo ideal parecido com o das TVs de tubo, após a triagem e encaminhamento ou separação de suas partes, o que acaba acontecendo é a reciclagem das PCIs, das partes de alumínio e de vidro.
Mas para a reciclagem de TVs acontecer, antes de tudo elas precisam ser descartadas corretamente.
Como descartar
Se não for possível vender ou doar para pessoas próximas caso a TV ainda esteja funcionando, uma das alternativas é contatar o fabricante do aparelho, já que a legislação brasileira (Art.33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos) obriga a empresa fabricante a estruturar e implementar sistemas de logística reversa. Mas lembre-se: a pessoa responsável pelo descarte correto é você. E se mesmo assim não for possível contatar o fabricante ou caso ele ainda não esteja em acordo com a lei, é possível consultar quais são os Postos de Reciclagem mais próximos à sua residência a partir dos mecanismos de busca existentes.
O que fazer com computador velho?
Computadores não devem ser jogados no lixo comum. Eles possuem diversas peças com resíduos químicos que causam problemas ao entrarem em contato direto com o meio ambiente e, mais especificamente, com os humanos. Segundo a especialista em gestão ambiental do Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (CEDIR), pertencente ao Centro de Computação Eletrônica (CEE) da Universidade de São Paulo (USP), Neuci Bicov, todo produto que apresente bateria, placa eletrônica ou fio possui algum material contaminante. Os principais elementos tóxicos presentes nos computadores são o mercúrio (deteriora o sistema nervoso, causa perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência), o chumbo (provoca alterações genéticas, ataca o sistema nervoso, a medula óssea e os rins, além de causar câncer), o cádmio (provoca câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose) e o berílio (causa câncer de pulmão). Esses materiais são acumulativos. Quanto mais contato se tem com eles, pior para a saúde.
Quando tratamos dos problemas ambientais relacionados aos eletrônicos, a gravidade aumenta devido à quantidade de resíduo gerado. De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a geração de lixo eletrônico cresce a uma taxa de aproximadamente 40 milhões de toneladas por ano, em todo o mundo. A maior parte desses resíduos tem condições de ser utilizada novamente ou de ser reciclada, mas o destino acaba sendo o pior possível: os aterros sanitários e lixões.
Opções
Procure utilizar seu computador até o fim de sua vida útil. Caso opte pela troca, faça a doação ou venda-o via internet. Algumas instituições de caridade e telecentros aceitam eletrônicos em bom estado, mas fique atento para saber como é realizada a destinação final do produto após o término da vida útil!
Caso não tenha mais conserto, encaminhe o seu computador velho para a reciclagem. Grande parte dos componentes eletrônicos é reciclável, o que garante o reaproveitamento de 80% dos materiais plásticos e metais. Outra opção é devolver o PC ao fabricante que será responsável pela destinação correta, graças à política de logística reversa prevista pela Lei de Resíduos Sólidos, que está totalmente em vigor no país.
O descarte de computador de forma consciente é importante tanto para a reciclagem quanto para evitar possíveis contaminações em decorrência dos materiais contaminantes.
Como descartar gabinetes de TV e aparelhos de som?
Sua televisão e seu aparelho de som estão caindo aos pedaços? Saiba que as partes plásticas podem ser recicladas e se tornarem mangueiras e baldes. O Poliestireno (PS) é um termoplástico, ou seja, pode ser remoldado após aquecido.
Cooperativas ou fabricantes
Para reciclar o seu gabinete de TV ou aparelho de som, basta destiná-los à cooperativas ou seus fabricantes. Procure um ponto de descarte mais próximo de você e lembre-se de optar sempre pelo descarte consciente.
TV digital: prolongue a vida útil ou descarte corretamente o televisor de tubo para fazer uma transição de padrão sustentável É possível aumentar a vida útil da TV de tubo com o conversor digital. Se a opção for a troca, certifique-se do descarte ambientalmente correto O sinal de televisão analógico, que é transmitido na frequência de 700 MHz, já está começando a ser desligado no Brasil. Até dezembro de 2018, mais de 1,3 mil cidades terão feito a transição total para o sinal digital de TV aberta. A mudança trará: melhoria de qualidade de som e imagem da transmissão, possibilidade muito maior de interatividade, fim de ruídos e chiados, além de tudo isso ser totalmente gratuito. As alterações foram estabelecidas pela lei 5.820, de 2006, que criou o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T). Como essa mudança de padrão pode afetar o meio ambiente?
Mudanças e alterações no equipamento
Se o usuário possui um televisor de tubo, o aparelho é, com certeza, analógico. Mas isso não significa que a troca é necessária. É possível adquirir um item chamado conversor digital, que vai adaptar o sinal digital à qualidade analógica da TV. Também é preciso verificar se a sua antena UHF está corretamente instalada para receber o sinal digital.
Caso a televisão seja de LCD, LED ou plasma e tiver sido fabricada antes de 2010, é muito provável que ela não tenha capacidade de receber o sinal digital diretamente. Nesse caso, o mesmo procedimento é necessário: instalação da antena UHF apta para o novo sinal e do conversor digital.
Se a TV de LCD, LED ou plasma foi fabricada após 2010 é bem provável que ela possa receber o sinal digital sem necessidade do conversor (consulte o fabricante), mas a antena UHF também é necessária. O mesmo se aplica a televisores com adesivo "DTV", que atesta a possibilidade de transmissão do novo sinal.
Assinantes de TV por assinatura não serão impactados pela mudanças. Quem participa de programas sociais como Bolsa Família pode ter acesso a kits gratuitos de conversão digital.
Para saber mais detalhes e recomendações no momento de realizar troca de antenas ou instalação de conversores, acesse o site do Seja Digital ou ligue para 147.
Impacto ambiental
Pode parecer que não, mas a troca de sinal de TV do analógico para o digital pode causar muitos impactos ambientais. Isso porque aparelhos de televisão novos são mais adaptados à qualidade e à interatividade do sinal, o que proporciona um estímulo natural para que o consumidor efetue a troca de aparelho, mesmo com a possibilidade de adaptação por meio de conversor digital. O problema é que a maior parte das analógicas são as famosas "TVs de tubo", que têm esse nome devido ao tubo de raios catódicos (CRT) presente em seu interior.
Esse tubo contém, entre outros materiais, o chumbo, que é extremamente tóxico para humanos. Trata-se de um metal pesado, que pode causar alterações genéticas, atacar o sistema nervoso, a medula óssea e os rins, além de causar câncer. Dois outros elementos tóxicos também estão presentes no monitor CRT: cádmio e mercúrio (veja mais em "Mercúrio, cádmio e chumbo: os inimigos íntimos presentes nos eletrônicos"). Dependendo do modelo, é possível que outros componentes tóxicos façam parte do produto.
O descarte incorreto de televisores de tubo, portanto, pode ocasionar risco potencial à saúde humana, à fauna e à flora das cidades brasileiras. O que se deve fazer para evitar isso?
Onde reciclar
Por enquanto, reciclar TV de tubo ainda não é tarefa tão simples, pois alguns locais que oferecem o serviço não vão até a casa do consumidor buscar o produto e, mesmo que o preço seja pequeno, cobram pelo serviço.
O que fazer com aquela antena de TV antiga?
Antenas antigas de TV possuem componentes recicláveis. Aposente a sua e fique de consciência limpa.
Lembra daquela antena de TV, naqueles dias de chuva? Com a digitalização do sistema de comunicação no Brasil aquele tempo da palha de aço já era! A qualidade em alta-definição da imagem e som da TV Digital fará com que aposentemos a nossa antiga antena de tv.
Como descartar?
Por ser feita de metal e também de plástico, a antena de TV UHF/VHF interna pode ser reciclada! Procure por pontos de descarte especializados em eletrônicos, ou use nosso serviço de coleta em casa. Mas lembre-se, sempre opte pelo descarte consciente, respeitando o meio ambiente!
Edição Ano 02 - Edição 21
Autor Báskara Canan: Informativo - COEMA, COERE, COMPEM e CORES