Das mais de 27,3 milhões de toneladas de soja previstas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ao Estado na safra 2014/15, apenas 8% desse total – pouco mais de 2 milhões de toneladas – estão comercializadas na modalidade venda futura, operação em que o produtor fecha um preço antes de plantar e entrega a produção após a colheita. No mesmo período do ano passado, o volume vendido chegava a quase 32%. O atraso de 23,2 pontos percentuais na comparação anual tem uma explicação: preços da saca em baixa.
A opção ‘futuro’ é muito utilizada no Estado e serve para capitalizar o sojicultor que com a venda antecipada tem condições de adquirir os insumos necessários à semeadura.
Sem valores que assegurem a rentabilidade do novo ciclo, ou em alguns casos que nem garantem o equilíbrio receita e despesa, o produtor mato-grossense segura os negócios, vê o tempo passar e o mercado ficar cada mais pressionado pelas certezas de que em 2015 a oferta de soja será maior que a registrada nos últimos anos. Mato Grosso está hoje a 22 dias do início do plantio, já que o Vazio Sanitário, período proibitivo à existência de plantas vivas de soja, termina no dia 15.
A pressão de oferta, vinda do maior produtor mundial, os Estados Unidos, vem impactando mês a mês as cotações. Há um ano quando os produtores travavam a safra 2013/14 no mercado futuro, para entrega em março deste ano, a saca estava em média a R$ 48. Atualmente, está em menos de R$ 43.
Como explicam os analistas do Imea, os preços disponíveis da soja no mercado interno sofreram algumas oscilações durante a última semana refletindo as informações do relatório de safra do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). “Os contratos para março de 2015 estão apresentando preço bastante inferior ao que se notava nos contratos negociados em 2013 para março de 2014. Dadas tais circunstâncias, os negócios de contratos futuros apresentam-se bastante pontuais dando ritmo lento à comercialização da próxima safra. Atualmente, a diferença entre os preços spot (disponível) e os preços futuros internos é de R$ 13,83/SC. Isso se justifica pela tendência baixista do mercado internacional, influenciado pela grande oferta”, aponta o Imea.
TIO SAM – Como destaca o Imea, o último relatório do USDA para a safra 2014/15 teve leve aumento na produção do país para 103,9 milhões de toneladas. Apesar das expectativas, a consolidação ainda vai depender de chuvas até o final do ciclo. Mas, mesmo assim, desde o final de junho vem pressionando de forma cada vez mais ativa as cotações na Bolsa de Chicago, onde os preços são formados. Possíveis evoluções do dólar ou prejuízos na produção da América do Sul – Brasil, Argentina e Paraguai, em suma - devem ser analisados para projetar novas tendências de preços e até mesmo abrir ‘janelas’ de preços melhores às travas futuras.