Uma semana depois do lançamento, pelo governo federal, do plano Nova Indústria Brasil, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) deflagrou estudos visando viabilizar recursos para a indústria goiana na esteira da iniciativa de âmbito nacional, que prevê a liberação de R$ 300 bilhões para financiamento do setor nos próximos quatro anos.
O presidente da Fieg, Sandro Mabel, e o vice-presidente Flávio Rassi conduziram reunião segunda-feira (29/01) com presidentes de sindicatos das indústrias, conselhos temáticos e câmaras setoriais e equipe técnica da federação para avançar na elaboração de projetos que tragam fatia do bolo para Goiás. "Vamos montar um plano de trabalho para avançarmos nessa questão. Precisamos ter projetos e velocidade para trazer esses recursos para Goiás", defendeu Sandro Mabel na abertura da reunião, que foi acompanhada pela deputada federal Flávia Morais e pelo deputado estadual George Morais.
Na oportunidade, André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, consultoria parceira da Fieg, comentou os principais pontos do plano Nova Indústria Brasil. Ele destacou as oportunidades para o setor em Goiás, sobretudo quanto à expertise do Sistema Fieg na área de educação. Com foco na gestão, o plano prevê recursos para as indústrias investirem em áreas estratégicas, como digitalização, modernização, automatização e eficiência energética. Para tanto, é ofertada linha de crédito com taxa de juros mais baixa para iniciativas inovadoras (TR + 2% ao ano, via Finep).
Nesse sentido, foi deliberada a criação de seis grupos de trabalho (GTs) para unificar demandas com foco em cada uma das seis missões que norteiam o plano do governo federal, considerando as vocações econômicas de Goiás, a regionalidade e o atual cenário pós-Reforma Tributária.
Liderados pelos Conselhos Temáticos e Câmaras Setoriais da área técnica da Fieg, os GTs terão discussões e projetos pautados de acordo com as missões: (1) Cadeias agroindustriais, (2) Saúde, (3) Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade, (4) Transformação digital da indústria, (5) Bioeconomia, descarbonização e transição energética e (6) Soberania e defesa nacionais. O levantamento das demandas e dos projetos será apresentado no dia 26 de fevereiro e a entrega consolidada das ações, no dia 29 de fevereiro.
"Precisamos agir de forma objetiva, considerando o texto do plano lançado pelo governo federal. Sabemos que muitos pontos precisam ser aperfeiçoados, mas o importante agora é sairmos na frente para não perder recursos importantes ao fortalecimento da indústria goiana", sustentou Sandro Mabel, ao explicar que, paralelamente, também será feita uma articulação para discutir questões cruciais à competitividade, sobretudo considerando o momento pós-Reforma Tributária.
Dentre essas questões, estão o estabelecimento de uma carga tributária mais justa, que dê competitividade à indústria manufatureira e extrativa, respeitando as regionalidades; investimentos em infraestrutura, proporcionando o escoamento da produção; reversão do processo de reprimarização da pauta exportadora brasileira, garantindo beneficiamento de commodities; e a redução da taxa de juros, ampliando a discussão para questões estruturais, como a atual concentração do mercado bancário no Brasil.
SAIBA MAIS
Nova Política Industrial (NPI)
Anunciado pelo governo federal na semana passada, o plano Nova Indústria Brasil estabelece série de ações para estimular e desenvolver o setor no País na próxima década. Em síntese, o poder público se posiciona como indutor central do desenvolvimento da indústria para fomentar empresas nacionais. A iniciativa prevê a liberação de R$ 300 bilhões para financiamento do setor nos próximos quatro anos. Para tanto, são disponibilizadas linhas de crédito, créditos tributários, apoio à exportação, subsídios e investimentos públicos, considerando seis missões principais.
Missão 1: Cadeias agroindustriais
GT Fieg liderado pelo Conselho Temático da Agroindústria (CTA), com participação da Câmara Setorial de Alimentos e Bebidas (Casa) e do Conselho Temático da Micro, Pequena e Média Empresa (Compem).
▶ Meta para 2033: aumentar a participação do setor agroindustrial no PIB agropecuário para 50%.
▶ Prioridades em financiamento (exemplos): fertilizantes e defensivos, além de produtos com nanotecnologia e biotecnologia.
▶ Regulação (exemplos): racionalizar taxas portuárias e aprimorar sistema de garantias.
Missão 2: Saúde
GT Fieg liderado pelo Conselho de Assuntos Tributários (Conat), com participação do Conselho de Assuntos Legislativos (CAL) e Câmara Setorial da Moda (Casmoda).
▶ Meta para 2033: produzir, no País, 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e outros insumos e tecnologias em saúde.
▶ Prioridades em financiamento (exemplos): medicamentos e Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) inovadores.
▶ Regulação (exemplos): isonomia tributária nas compras governamentais, instituir regras para a racionalização do custo regulatório, reforma da Lei do Bem e regulação sanitária.
▶ Contratações públicas: novo PAC Saúde (R$ 30 bilhões até 2026).
Missão 3: Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade
GT Fieg liderado pela Câmara da Indústria da Construção (CIC), com participação do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra).
▶ Meta para 2033: reduzir o tempo de deslocamento de casa para o trabalho em 20%.
▶ Prioridades em financiamento (exemplos): tecnologias de diminuição das emissões de carbono em transporte, aviação do futuro e desenvolvimento de sistemas de propulsão a biocombustíveis, elétrica, híbrida e demais combustíveis alternativos.
▶ Regulação (exemplos): racionalizar os encargos setoriais sobre energia elétrica, retomada das exportações de serviços, aprimoramento dos incentivos no mercado de capitais; reduzir custo de financiamento em infraestrutura e apoio estatal à exportação.
▶ Contratações públicas: calculadora de pegada de carbono para obras públicas.
Missão 4: Transformação digital da indústria
GT Fieg liderado pelo Conselho de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CDTI), com participação da Fieg Jovem e do Conselho Temático de Relações do Trabalho e Inclusão (CTRTI).
▶ Meta para 2023: transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras, assegurando que a participação da produção nacional triplique nos segmentos de novas tecnologias.
▶ Prioridades em financiamento: semicondutores, IA generativa, robótica avançada, IA generativa.
Missão 5: Bioeconomia, descarbonização e transição energética
GT Fieg liderado pelo Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMAS), com participação do CTA e da Câmara Setorial da Mineração (Casmin).
▶ Metas para 2033: promover a indústria verde, reduzindo em 30% a emissão de gás carbônico na indústria e ampliando em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes.
▶ Prioridades em financiamento: soluções tecnológicas para redução de emissões, desenvolvimento de biocombustíveis do futuro e geração de energias renováveis.
▶ Regulação: aperfeiçoamento da regulação de logística reversa e harmonização entre as legislações dos entes federativos.
▶ Contratações públicas: Energia solar em obras do Minha Casa Minha Vida; painéis fotovoltaicos e aerogeradores com conteúdo local e margem de preferência no Novo PAC.
Missão 6: Soberania e defesa nacionais
GT Fieg liderado pelo Comitê da Indústria de Defesa e Segurança de Goiás (Comdefesa-GO).
▶ Meta para 2033: obter autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa.
▶ Prioridades em financiamento: projetos de conteúdo tecnológico encaminhados por empresas estratégicas de defesa.
▶ Regulação: Reforma da Lei do Bem, implementação do novo Sistema de Apoio Oficial à Exportação.