Um assunto tem estado entre os principais temas de conversas
relacionadas a finanças nos últimos meses e, por seu caráter inovador,
também tem causado muitas dúvidas e discussões: o Pix. Iniciativa do
Banco Central do Brasil, o pagamento instantâneo brasileiro, como foi
classificado pela própria instituição, tem como principal função
permitir que transferências de valores sejam feitas imediatamente entre
instituições financeiras.
Simplificando, com a adesão ao Pix, não será mais necessário o
agendamento de transferências e pagamentos, independentemente do dia ou
horário que estes forem feitos. Mas mesmo com esses benefícios, muitas
dúvidas surgem diariamente entre a população, no que diz respeito ao
funcionamento, vantagens, como será na área comercial, entre outros.
No setor de food service não tem sido diferente, com dúvidas e ideias
surgindo a todo momento sobre como a utilização do Pix pode ser
benéfica para os estabelecimentos. Por isso, conversamos com a
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), por meio do
diretor José Eduardo Camargo, sobre a visão desta acerca da chegada do
Pix e como ela tem lidado para informar aos seus membros sobre a nova
forma de se pagar instantaneamente.
“A chegada do Pix é promissora por diversos motivos. Mas, por princípio, a Abrasel incentiva toda ação que visa simplificar e tornar mais produtivo o dia a dia de quem empreende. A Abrasel já vem há algum tempo publicando reportagens em seu site e convidando especialistas para debater o assunto. Durante o recente Congresso Nacional da Abrasel, realizado em formato online, tivemos um painel com representantes do Banco Central e do mercado de pagamentos para discutir o Pix. O painel e outros conteúdos podem ser encontrados em nosso site, abrasel.com.br”, diz.
De acordo com José Eduardo, a adoção do Pix trará benefícios já em curto prazo, tanto na operação de caixa dos bares e restaurantes quanto na hora de tratar com fornecedores.
“Há dois aspectos importantes neste começo. Por um lado, pode
facilitar o recebimento de valores nos estabelecimentos, com ganho de
agilidade e substituindo o numerário. Também é importante ressaltar o
aspecto de segurança para clientes e funcionários que os pagamentos sem
contato trazem. O Pix também terá impacto positivo na relação com
fornecedores, pois tende a substituir boletos, DOCs e TEDs, que oneram o
empreendedor e não são eficientes no aspecto de compensação”, afirma.
O diretor da Abrasel conta que empresários da área do food service têm se mostrado animados com a chegada do Pix, mesmo que ainda demande aprendizado.
“Sim, a iniciativa foi bem recebida pelos empresários. Como em toda implantação de uma nova tecnologia, há sempre um processo de aprendizado. Foi assim, por exemplo, com os cartões com chip. Mas o Banco Central tem feito um bom trabalho para tornar a adoção fácil e vantajosa para os cidadãos”, afirma.
Thiago Lopes da Silva, docente nas áreas de Economia, Finanças, Contabilidade e Gestão Empresarial no Centro Universitário N. Senhora do Patrocínio (Ceunsp), também conversou com a Food Service News sobre o impacto da chegada do Pix para os estabelecimentos da área de alimentação fora do lar.
“O lançamento do Pix está causando enorme repercussão no mercado desde o seu anúncio e, aparentemente, a chegada do novo sistema de pagamentos acontece de forma muito positiva, sobretudo em função da promessa de que será rápido, barato, moderno e, inclusive, acessível a toda a população. Ao se considerar, por exemplo, que estamos cada vez mais acostumados com o uso dos aplicativos para celular, acredita-se que não serão encontradas grandes restrições em termos de sua ampla aceitação por parte da população em geral. A meu ver, a iniciativa de se levar a efeito um novo sistema de pagamentos é muito positiva, ainda mais que é proveniente da acelerada evolução tecnológica do setor financeiro. Por consequência, espera-se que o Pix trará consigo não apenas simplicidade e conveniência na hora de realizar transações, mas também muito mais segurança”, destaca.
Thiago também fala sobre a importância de canais de divulgação para instrução dos comerciantes de como utilizar o Pix, até mesmo para que os estabelecimentos consigam atender bem os clientes que desejarem usá-lo como forma de pagamento.
“Entendo que é muito importante proporcionar aos comerciantes a devida instrução acerca da utilização do Pix, principalmente no sentido de minimizar eventuais problemas ao consumidor final. Uma vez que se trata de uma tendência que veio para ficar, que a meu ver representa uma enorme evolução, imagino, por exemplo, que seria um tanto quanto frustrante ao consumidor não conseguir realizar um simples pagamento ou transferência pelo fato de o estabelecimento comercial ter dificuldades quanto à utilização do sistema ou, pior ainda, nem sequer ter manifestado a sua adesão ao sistema! É exatamente por isso que considero seja necessário promover esforços (principalmente por parte das instituições financeiras) no sentido de orientar os comerciantes quanto às funcionalidades do sistema”, afirma.
O professor ainda explica como o Pix beneficiará os estabelecimentos
comerciais, comparando com as operações de pagamento atuais TED e DOC.
“Partindo-se do pressuposto de que a principal característica do Pix é sua instantaneidade, isso implica que a movimentação financeira será imediata. Comparativamente, operações como TED ou DOC podem demorar horas ou até mesmo dias para serem efetivadas. Com o Pix, o cenário será bastante diferente: em questão de poucos segundos o recebedor terá o dinheiro disponível em sua conta, não importando mais qual é o meio de pagamento utilizado. Em termos práticos, isso significa que será totalmente indiferente se a conta do pagador é de um banco ou de outro, se a bandeira do cartão de crédito é de uma bandeira ou de outra. A imediata disponibilidade dos recursos, por sua vez, será muito importante no sentido de assegurar maior liquidez aos estabelecimentos comerciais em geral, algo de extrema relevância sob a ótica da gestão financeira. E, além do mais, a partir de 2021, bares e restaurantes terão a possibilidade de atuar como agentes de saque através do Pix, o que supostamente contribuirá no sentido de atrair clientes”, afirma.
Quando perguntado sobre formas de otimizar a utilização do Pix em prol dos estabelecimentos, Thiago diz que há de se aderir ao sistema, buscando em seguida informações em locais confiáveis.
“Diria que o primeiro de todos os procedimentos a se adotar no sentido de otimizar a utilização do Pix consiste na adesão ao sistema. Na sequência, seria recomendável que tanto empresários quanto consumidores buscassem previamente por orientações diversas quanto às funcionalidades do sistema. Nesse sentido, entendo que seja apropriado, principalmente ao contexto das PMEs, a busca por orientação adequada junto a profissionais especializados e integrados ao contexto da evolução tecnológica. Alternativamente, é possível encontrar muita informação sobre o novo sistema de pagamentos através da internet. O importante é buscar informação proveniente de fontes confiáveis. Nada mais apropriado para isso do que acessar ao próprio site do Banco Central: www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix”.
Túlio Iannini, CEO da fintech U4Crypto, mestrando em Administração com MBA em Gestão da Competitividade e graduado em Comunicação Empresarial, também fala sobre o Pix no food service. Para ele, o principal benefício na área de alimentação fora do lar será a economia nas taxas de transações, além do aumento da segurança.
“Hoje os bares e restaurantes possuem duas formas de receberem os pagamentos à vista: dinheiro e cartão de débito. Ambos geram custos altos para o estabelecimento. Pelos cartões de débito, existe a taxa da bandeira e pelo dinheiro o risco de extravio ou roubo. Com o Pix, os restaurantes poderão receber pelo QRCODE Pix, e as transações serão realizadas em poucos segundos e o custo muito menor do que praticado hoje pelo mercado de cartões”, afirma.
Fonte:
https://www.foodservicenews.com.br/prazer-pix/