Ele está presente nos sapatos, na jaqueta, já foi matéria-prima da bola de "capotão” das partidas de futebol e muito sambista já tocou instrumentos até o “couro comer”. O couro é um dos produtos mais antigos da humanidade. Existem registros de uso da pele de animais há mais de 5 mil anos.
No Brasil, o principal fornecedor de couro é o boi. O motivo é que aqui existe um dos maiores rebanhos do mundo: são mais de 214 milhões de animais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tem mais gado do que gente no país. E, com tanta oferta de animais, consequentemente, o Brasil é um dos grandes produtores mundiais de couro. É um setor que movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano.
Atualmente, 80% da produção brasileira de couro é destinada ao mercado externo, sendo a China a principal compradora. Em 2019, a indústria foi alvo de questionamentos por partes de marcas estrangeiras em meio ao aumento de queimadas na Amazônia. Para este ano, a expectativa é que a produção brasileira seja menor por causa da queda no abate de animais no país por conta pandemia do novo coronavírus.
Versatilidade
O boi é considerado um animal extremamente versátil, em que tudo dele é aproveitado. O G1 já mostrou que o algodão, por também ter essa qualidade, é conhecido como “boi vegetal”. Toda a cadeia produtiva da pecuária movimentou mais de US$ 157 bilhões em 2019. É uma das principais atividades do agronegócio brasileiro.
Apesar de tantos usos possíveis com o animal, especialistas lembram que todo esse mercado só existe por um motivo: a alimentação. “Os animais são criados por causa do alimento, da sua carne, para saciar a produção. Nós damos destino a um produto que iria apodrecer e que teria que ser enterrado”, explica José Bello, presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
Além do couro, existem outros destinos para os restos dos animais abatidos nos frigoríficos. O sebo pode ser usado na produção de biodiesel e produtos de higiene, por exemplo. Os ossos viram farinha que é utilizada na fabricação de ração para pets e aves. Todo esse mercado, além do couro, como o processamento de sebo e ossos, é conhecido como reciclagem animal, uma atividade que também movimentou mais de R$ 8 bilhões no ano passado.