No começo de abril a Associação Brasileira da Indústria de Colchões – Abicol realizou pesquisa para avaliar o impacto da pandemia entre seus associados. Os resultados mostravam uma situação caótica com quase 65% das fábricas operando com redução da produção e expectativas muito ruins em relação aos três meses seguintes. Quase 72% das empresas previam demissões; 18% acreditavam que a queda na produção alcançaria até 50% este ano e 75% previam queda de até 30%; o tamanho do mercado reduziria em até 20% para 23% dos empresários ouvidos na pesquisa, enquanto 13% deles considera redução de até 50% e uma minoria considerava que o mercado poderia reduzir em até 60% este ano.
Pelos números se vê o tamanho da preocupação dos fabricantes de colchões logo depois da decretação de quarentena no Brasil por conta da pandemia. Porém, com o passar do tempo, o aumento da procura por colchões nas lojas, principalmente no e-commerce – já que muitas lojas físicas estavam fechadas, o humor dos colchoeiros começou a mudar.
É claro que as medidas adotadas pelo governo federal contribuíram também para isso, pois na época da pesquisa, 85% das empresas afirmaram que utilizariam as medidas governamentais para evitar demissões e 55% já haviam negociado ou estavam negociando crédito para fazer frente às necessidades de caixa.
E a situação se alterou de forma substancial a partir do começo de junho quando a demanda de consumo surpreendeu toda a cadeia colchoeira. E, foi neste momento que se descobriu que não havia condições para acompanhar a demanda. Fornecedores haviam paralisado a produção, suspendido as importações e o que se viu foi uma significativa escassez de insumos e – lugar-comum neste tipo de situação – aumento generalizado dos preços. Cada um por uma razão diferente. O TNT, usado inclusive para ensacar as molas, amentou mais de 100% motivado pela alta procura para produção de máscaras e EPIs para profissionais de saúde. “Nós já estávamos com o TNT no ‘radar’, por conta dessa utilização. Mas outros insumos também elevaram preços, a alta dos molejos ensacados é de 18%; o aumento varia de 5% a 8% no preço dos tecidos e chega a 8% nos insumos químicos para a fabricação de espumas”, afirmou na época Rogério Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Colchões (Abicol). Claro que a variação do dólar também justificava parte dos aumentos.
A situação não voltou à normalidade. A escassez de insumos ainda impacta a produção e o varejo continua sem estoques, já que a oferta continua abaixo da demanda.
Fonte:
https://www.moveisdevalor.com.br/portal/impacto-da-pandemia-na-industria-de-colchoes-diminuiu-desde-abril