Durante o primeiro semestre de 2020, a produção têxtil no Estado de São Paulo, considerando os meses de janeiro a maio, caiu 29,8% em comparação ao mesmo período de 2019; o vestuário registrou queda de 37,1% e o varejo, queda de 41,6%. Este panorama foi apresentado pelo presidente do Sinditêxtil-SP, Luiz Arthur Pacheco, durante coletiva de imprensa online, realizada no dia 15 de julho. Os dados também mostram que 17.195 postos de trabalho foram fechados no estado, somente na indústria têxtil e de confecção, segundo o IBGE.
Comparando os dados do estado de São Paulo – maior produtor e maior mercado têxtil/vestuário do país – com o quadro geral do setor no Brasil, os resultados também foram negativos com a produção têxtil nacional apresentando queda de 21,4%; vestuário – 34,3% e varejo – 37, 5%. O setor têxtil/confecção como um todo registrou perda de mais de 62 mil postos de trabalho no semestre, sendo a maioria do segmento de confecção, onde os negócios são gerados por 85% de pequenas empresas, cuja mão de obra é predominante feminina, algo em tono de 75% da força de trabalho.
Segundo Pacheco, a queda do varejo foi mais forte do que na indústria, porque nos primeiros meses da quarentena (metade de março, abril, maio e junho), o comércio não essencial foi totalmente fechado. “O isolamento social reteve a maioria das pessoas em casa. Além disso, diante da pandemia, os consumidores buscavam basicamente alimentos e remédios. A condição econômica, com o aumento do desemprego e a redução de salários também fizeram com que as pessoas ficassem inseguras em relação ao consumo”.
Em relação ao nível de produção da capacidade instalada nas indústrias, verificou-se que 67% das empresas de São Paulo estão com mais de 50% de ociosidade neste momento. E as fábricas que se mantiveram funcionando nos priores meses da crise foi em razão da produção de itens como máscaras, aventais e outros itens hospitalares feitos com tecidos e naotecidos. Com relação ao e-commerce, que durante os meses mais críticos da quarentena, foi a salvação para atividade econômica, especialmente para o segmento de vestuário, levantamento do setor mostra que o comércio eletrônico alavancou no máximo 30% das vendas, e não conseguiu repor o faturamento de antes da pandemia.
As importações em geral do setor têxtil e confecção caíram 19,78% no país e 23,72% em São Paulo, comparativamente ao período de janeiro a junho do ano passado. No vestuário, o resultado também foi negativo, –24,39% no Brasil e –28, 41% em São Paulo. “Na medida que os grandes exportadores asiáticos também estiveram parados por causa da pandemia (na Ásia os efeitos foram sentidos primeiro), verificamos uma queda acentuada nas importações no nosso mercado, já que as empresas brasileiras que adquirem artigos de vestuário no exterior mostraram preocupação com a retração na demanda que se seguia à crise. Isso também ocorreu no setor de máquinas e equipamentos que, no geral, apresentou queda de 17,40%”, acrescenta Luiz Pacheco.
Nas exportações, o impacto foi menor, com – 8,59% (Brasil) e – 2,92% (São Paulo). “Em termos de índice de preços, nós vimos que o IPCA subiu 0,1% e em São Paulo, 0, 3%. Já no vestuário, o IPCA apresentou queda 1,9% no geral e – 1,8% em São Paulo, devido à retração do consumo, ao passo que o Índice de Preço do Produtor (IPP) da indústria têxtil subiu 8,6%, de janeiro a maio, resultado do efeito do câmbio, já que muitas matérias-primas utilizadas na indústria de transformação são importadas”, explica o presidente do Sinditêxtil-SP.
Retomada
A Pesquisa Conjuntural – Mapa de Calor realizada mensalmente pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit), junto aos empresários do setor com 17 questões relacionadas à produção, vendas, investimentos e expectativas de negócios, entre outros, que vinha se apresentando razoavelmente positiva desde dezembro de 2019, a partir de abril de 2020, mudou bruscamente para o negativo, por conta do inesperado surto global da Covid-19. “Vamos esperar que agora, a partir de julho, com a pequena reabertura, que começou de forma gradual em algumas cidades do País, a situação melhore”, observa Luiz Arthur Pacheco. Segundo ele, um dos grandes gargalos que o setor produtivo e o varejo estão vivendo nessa crise é a escassez de crédito. “Em que pese os bancos dizerem que as coisas estão funcionando bem. Quando os empresários recorrem ao setor financeiro para liberar algum recurso, as garantias exigidas e as taxas de juros são realmente muito impeditivas”, relata o dirigente, acrescentando que, apesar das dificuldades, recentemente, foi feita uma enquete que constatou que 80% das empresas do Estado de São Paulo acreditam numa retomada em até 12 meses. “Isso é muito positivo pois mostra a capacidade que o nosso setor tem de enfrentar esse tipo de processo e a resiliência da nossa indústria em um cenário de varejo fechado por mais de 100 dias”.
Fonte:
http://www.textilia.net/materias/ler/textil/conjuntura/setor_textil_paulista_apresenta_balanco_negativo_do_primeiro_semestre