Pesquisa realizada pelo IEMI – Inteligência de Mercado, especializado nos segmentos têxtil/vestuário/calçados e varejo de moda, aponta que 67% dos entrevistados não pretendem comprar roupas e calçados durante a pandemia do coronavírus. Por outro lado, dos consumidores que planejam gastar neste período, 76% o farão pela internet, 16% informaram que irão aguardar as lojas físicas reabrirem e 8% pretendem adiar a compra e esperar o que irá acontecer com o país por conta da pandemia. A amostragem foi feita entre 31 de março e 01 de abril com 410 consumidores de todo o Brasil, homens e mulheres acima de 21 anos, de todos as classes sociais. A pesquisa foi efetuada via web, através de questionários de autopreenchimento.
Segundo os analistas do IEMI, a inédita experiência dos consumidores em adquirir esses produtos sem as lojas convencionais à sua disposição, tem forçado um aprendizado importante e tende a promover uma mudança de hábitos que poderá acelerar a expansão do consumo online desses produtos, que ainda hoje ocorre em proporções modestas no Brasil. Entre 1,5% e 2,0% das vendas de roupas e calçados são feitas pela internet.
Outro ponto interessante da pesquisa é 29% dos consumidores afirmaram que quando tudo voltar ao normal, pretendem voltar a comprar esses produtos, mas de uma forma mais comedida e economizar o que for possível.
Impacto da quarentena
Considerando o grupo de consumidores que não pretendem comprar no período da pandemia, 57% informaram que nada os motivaria a mudar de ideia e realizar a compra de roupas e calçados. Outros 37%, porém afirmaram que seriam motivados por descontos relevantes no preço, contra 26% por frete grátis (sem valor mínimo para compra). A conclusão da pesquisa do IEMI é que o fechamento do comércio e todas as restrições impostas para o controle do coronavírus, vêm tendo enorme impacto sobre o consumo de vestuário e calçados, no Brasil, e deverá continuar a exercer influência sobre esse mercado por um período que irá muito além do término da pandemia.
De maneira geral, estes são bens cujo consumo está fortemente atrelado à renda e ao emprego, que no médio prazo (de seis meses a um ano) sofrerão com a queda na demanda agregada no País, como resultado desse período de restrições. Por outro lado, por serem produtos de demanda universal, que levam os consumidores às compras quatro vezes ao ano (em média), acredita-se numa recuperação das vendas, no período logo após a reabertura das lojas, em especial se isso ocorrer próximo aos dias frios do inverno, que têm o poder de criar motivações suficientes para formar o efeito em “V” na demanda, mesmo que mais restrito às primeiras semanas, pós-pandemia.
Futuro incerto
Embora o cenário ainda seja incerto em relação ao fim das restrições ao varejo de moda e o seu impacto no mercado em 2020, o IEMI estima, com base em dados apurados até março e tendo como premissa os meses de abril e maio praticamente inteiros com lojas físicas fechadas, que as vendas anuais de vestuário deverão acumular uma perda de -15,6% neste ano, quando comparadas com 2019. No cenário mais provável, deve oscilar entre -13,3% e -17,4%. O varejo de calçados também mostra um cenário bastante similar, podendo vir a registrar queda da ordem de -15,4%, frente a 2019. Com relação à produção de vestuário, no acumulado de 2020, o cenário mais provável é de queda de 17,9% no volume de peças, com variação de -15,9% a - 19,7%, considerando o melhor e o pior cenário. Todavia, os analistas ressaltam que “com cenários ainda imprevisíveis para a evolução da crise do coronavírus no Brasil, qualquer previsão para o desempenho dos mercados de vestuário e calçados, em 2020, ainda são meros exercícios de probabilidade”. Esta apresentação foi preparada com dados exclusivos dos painéis de pesquisa do IEMI, junto a consumidores de vestuário e calçados, com cobertura de todas as regiões do país, gênero, faixa etária e poder de compra. Fonte: IEMI