Apesar de ainda não haver registrado qualquer caso de contaminação em seu território, a economia da Bahia deve sofrer impacto negativo decorrente da ocorrência da epidemia (possível pandemia) do coronavírus. Tem-se percebido um desencadear global de relativo pânico, provocando efeitos econômicos sobre as bolsas de todo mundo, mercado de câmbio e sobre cadeias de valor globais, especialmente aquelas mais dependentes da produção da China, país de origem da epidemia e nosso principal parceiro comercial (destino de um quarto das exportações baianas).
Até o momento, o maior impacto está ocorrendo na economia chinesa, com o fechamento de algumas fábricas, regiões em quarentena e a redução da atividade comercial pelo medo de contágio dos cidadãos, reduzindo a atividade econômica.
Além da China, os países mais afetados são a Coreia do Sul, Itália, Irã e Japão, com a ocorrência de interrupção de serviços, cancelamento de eventos e paralisação de atividades. Viagens aéreas internacionais têm sido canceladas no mundo todo.
Desse modo, organizações multilaterais como a OECD têm alertado sobre o dano que a epidemia do coronavírus pode causar ao crescimento econômico global este ano. Em contrapartida, os países do G-7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália Japão e Reino Unido) declararam que estão prontos para tomar ações e proteger a economia global, inclusive com medidas fiscais.
Segmentos afetados
Tendo em conta que fazemos parte da economia global, evidentemente o Brasil e a Bahia sofrerão efeitos negativos da epidemia do coronavírus, com destaque para a redução do fluxo de negócios com a China. Importante comprador de commodities, a China é o maior cliente da agroindústria baiana de soja e celulose, que deve sofrer com o enfraquecimento da demanda e queda nos preços.
Do lado da importação, o país é o grande fornecedor global de componentes de painéis solares, equipamentos para energia eólica, informática e eletroeletrônicos, e já há relatos locais de estar ocorrendo falta de peças nesses segmentos, particularmente em Ilhéus, em razão da interrupção da produção ou redução dos embarques da China.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a Ásia representa 80% da origem dos componentes elétricos e eletrônicos do Brasil, 42% desses itens são provenientes da China. O presidente do Sindicato das Industrias de Aparelhos Elétricos Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares de Ilhéus e Itabuna, Estado da Bahia, Silvio Comin, afirma que algumas empresas já estão trabalhando abaixo da sua capacidade total. Ele também estima que “se não houver normalização dos processos produtivos na China e do abastecimento de componentes, as atividades poderão ser temporariamente suspensas”.
No entanto, a FIEB acredita que os prejuízos serão limitados e de curto prazo, sendo contidos, no campo da saúde, pelas políticas sanitárias adotadas em todo o mundo, que promoverão o retrocesso da epidemia, quanto, no campo econômico, pelas medidas de estímulo dos governos da China e dos países do G7, especialmente.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) promoveu, de forma extraordinária, nesta terça-feira (3) uma redução de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros do país, em resposta aos possíveis impactos do coronavírus na economia. A FIEB acredita que o Banco Central do Brasil deverá seguir o mesmo caminho, reduzindo a taxa Selic em 0,5%. O que se espera é uma atuação em bloco de todos os países a fim de se minimizar os impactos da crise sobre a economia global.