Reciclagem é a resposta do setor do plástico para evitar banimento
01/10/2019
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Vendo várias leis restritivas proliferarem por diversas cidades brasileiras, a indústria do plástico tem se preocupado em evitar que cada vez mais seus produtos sofram impedimentos para serem comercializados. Os principais alvos da vez são as sacolas e os canudinhos, mas o receio é que as proibições sejam estendidas a outros itens. Para tentar reverter essa imagem negativa, os empreendedores do setor estão apostando no aumento da reciclagem como resposta.
"Se nós conseguirmos fazer a separação e o descarte correto, colocando o material para reciclagem, nós terminamos com todos os problemas de demonização do plástico", sustenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Gerson Haas. O dirigente lamenta que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos foi proposto há anos no brasil e a maioria dos municípios não implementou as suas diretrizes. "Como as coisas vão funcionar? É mais fácil o poder público dizer que A, B ou C não presta do que fazer a sua própria parte", afirma o empresário.
Para Haas, as leis a respeito dos produtos plásticos precisam ser mais educativas do que proibitivas. "Parece que há alguns legisladores que querem aparecer nos jornais", considera. O presidente do Sinplast-RS diz que, dentro do segmento de transformação, um dos nichos mais afetados são as fábricas de canudinhos. Em contrapartida, o dirigente destaca que, embora alguns mercados estão começando a apresentar obstáculos para os artigos plásticos, outros setores estão cada vez mais abertos, como a indústria automobilística, da aviação e da saúde. "Outra coisa, você daria para seu filho pequeno um canudo de metal?", questiona. Haas recorda que uma idosa inglesa teve um acidente fatal ao cair e ter o olho perfurado por um canudo metálico.
Sobre as leis que estão surgindo e proibindo o uso de sacolas ou canudinhos plásticos, o diretor-executivo da Strawplast, Sandri Schlickmann, comenta que as normas estão sendo feitas sem adotar um critério mais técnico. A empresa catarinense de descartáveis atua com produtos tradicionais da cadeia do plástico, mas também adotou artigos como canudos biodegradáveis e de papel,
Schlickmann diz que a intenção do legislador ao proibir itens de plástico, teoricamente, sempre é boa, porque não quer ver lixo no mar ou nas praças. "Só que ele não vai resolver o problema", adverte. Para o executivo, trocar um material por outro não soluciona a questão, é preciso educar as pessoas e promover a coleta seletiva. O diretor-executivo da Strawplast considera que as leis de proibição aos plásticos viraram uma espécie de moda e que estão sendo usadas, por algumas pessoas, como promoção. "Não adianta nada usar um produto biodegradável, por melhor que ele seja, se a gente não descartar adequadamente", frisa.
Como empresa, o dirigente afirma que é preciso se adaptar, mas é um cenário de incertezas. Schlickmann diz que a Strawplast já estava analisando disponibilizar produtos biodegradáveis e de papel ao mercado, porém, com as proibições que foram surgindo ao plástico, esse processo foi acelerado. O dirigente admite que as restrições dos canudos plásticos acarretaram um impacto maior na questão de quantidade de produtos vendidos pela empresa (uma queda de 35% em volume), mas, como os canudos de papel e biodegradáveis têm um valor agregado maior, as receitas não sofreram grandes reflexos. Contudo, Schlickmann antecipa que, se leis mais duras forem impostas, deverão ocorrer demissões dentro do setor de transformação de uma maneira em geral.
Fonte:
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/empresas_e_negocios/2019/09/704532-reciclagem-e-a-resposta-do-setor-do-plastico-para-evitar-banimento.html