Com mais de 400 participantes, a 23ª edição do Seminário Nacional da Indústria Calçadista – SNIC, realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em conjunto com os sindicatos das indústrias de calçados de Três Coroas (SICTC) e de Igrejinha (Sindigrejinha), trouxe uma tarde de conteúdo relevante para o setor no último dia 21, na Faccat, em Taquara/RS.
O gestor de Projetos da Abicalçados, Cristian Schlindwein, destaca que o evento cumpriu o seu papel, em uma edição histórica. “Há mais de 20 anos realizamos o SNIC, sempre com temas relevantes e contemporâneos para a Indústria. Nesta edição, que se comprometeu a discutir as limitações diárias para o desenvolvimento de marcas, trouxemos um time com grandes nomes para falar sobre soluções e ferramentas sobre marketing digital e negócios e o resultado foi fantástico, com um público recorde e com grande apetite por informação”, avalia o gestor, ressaltando também a parceria com os sindicatos da indústria na realização do evento.
Após as boas vindas do presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a palestra de Natália Ferreira, Creator Manager da Pinterest na América Latina, abordou como a plataforma pode auxiliar as empresas com novas possibilidades de negócios. “As pessoas buscam referências no Pinterest, referências que se tornarão compras no futuro. Então a rede é um lugar muito importante para as marcas”, disse, ressaltando que mais de 70% dos usuários consideram a ferramenta útil na busca de produtos. Segundo ela, são mais de 300 milhões de usuários em todo o mundo, mais da metade deles fora dos Estados Unidos, país berço da plataforma. “Hoje, o Pinterest ultrapassou plataformas conhecidas como o Twitter e o LinkedIn em número de usuários e está em pleno crescimento no Brasil”, frisou. Para potencializar ainda mais a participação das marcas na rede social, Natália destacou que é preciso estar atento para postagens de fotos de qualidade, além de sincronizar a rede com o catálogo do e-commerce, deixando os links visíveis na bio das imagens.
Na sequência, Rafael Terra, CEO da Fabulosa Ideia, falou sobre marketing digital com foco em vendas, ressaltando a importância da presença nas redes sociais para os negócios. Segundo ele, uma rede ainda pouco explorada, e com muito potencial para as empresas, é o Youtube. Para Terra, um dos principais benefícios de estar presente nas redes é a geração de dados para conhecimento do comportamento de consumo. “Vocês precisam stalkear os seus públicos-alvo”, enfatizou. Terra disse, ainda, que a rede social com maior engajamento orgânico de conteúdo no Brasil, atualmente, é o LinkedIn. Já em termos de vídeo, o especialista disse que a plataforma mais eficiente em termos de engajamento o Instagram (IGTV).
Chatbots
Criador de chatbots como a boneca Lu, da Magazine Luiza, Rodrigo Scotti, CEO da Nama, trouxe o tema da Inteligência Artificial para o palco. Fazendo um histórico do desenvolvimento do conceito, Scotti destacou que o mundo vive uma evolução exponencial das tecnologias e que é preciso acompanhar a tendência. Ressaltando dados de estudos da Mobile Trend, Scotti apontou um crescimento de mais de 350% na utilização dos chatbots no último ano. Segundo ele, os aplicativos de mensageria ultrapassaram as redes sociais ainda em 2015, então o mais indicado como canal de relacionamento, atendimento e vendas com o cliente é justamente o chat, de preferência aliando inteligência artificial e o trabalho humano, aumentando consideravelmente a conversão de vendas.
O palestrante descreveu, ainda, os cases da Nama, com o desenvolvimento de chatbots para a Magazine Luiza e para o Governo do Estado de São Paulo (Poupatempo). Com o projeto em parceria com a gigante do varejo nacional, Scotti relatou que foram mais de 1,2 milhão de mensagens nos sete meses iniciais, especialmente para questões relativas a status de pedidos, com 94% das solicitações on-line atendidas pela simpática boneca Lu, que ainda virou garota propaganda da Magazine Luiza. Já com o Poupatempo, chatbot para agendamentos de serviços do Governo do Estado de São Paulo, foi gerada uma economia de mais de R$ 18 milhões em atendimentos que seriam realizados por humanos. Além disso, Scotti ressaltou o ganho pela integração com o sistema de dados, o que agilizou os trâmites burocráticos.
Encerrando as palestrantes da manhã, Leonardo Haushild, diretor da Marke, listou 10 dicas para se destacar no ambiente digital: manter o site organizado e atualizado; saber utilizar o Analytics, do Google, para mensurar a performance; escolher o tipo de anúncio correto dependendo da estratégia da marca, se é mais para posicionamento (orgânico) ou engajamento (pago); criar um blog da página para aumentar a indexação no Google; criar uma palavra-chave adequada (neste caso, sugere o auxílio da ferramenta Key Word Planner, do Google); saber a localização da página na busca do Google para adotar a estratégia adequada de divulgação (92% dos usuários do site de busca não passam para a segunda o página da lista); manter o site no mesmo endereço por, pelo menos, seis meses, para entrar na ranqueamento do Google. “Por fim, jamais deixem o site com 'Página em Construção', isso derruba qualquer ranqueamento”, concluiu.
O consultor Sílvio Nunes abriu a tarde de palestras com muita interação com o público. Trazendo elementos de mágica – uma das tantas atividades exercidas pelo palestrante -, Nunes ressaltou a importância de se fazer o que gosta, mesmo sem um objetivo, citando a trajetória do criador da Apple Steve Jobs. “Ele se formou em Caligrafia, porque gostava disso. Não usou para nada naquele momento, mas posteriormente a matéria foi importante para que criasse todo o sistema de fontes do sistema de computação”, disse. “Tenha hobbies, experimentem-se, nem tudo precisa ter um sentido imediato”, finalizou.
Apresentando o case da Triider, o diretor da empresa, Juliano Murlick, falou sobre os desafios da implementação de um market place com o exemplo da sua empresa, especializada em conectar usuários que buscam profissionais para serviços de reparação doméstica. “Comecei a empreendedor com 36, 37 anos. Não é coisa de jovem, é coisa de quem tem visão”, disse, destacando que a plataforma vem em crescimento e deve se expandir para mais cinco capitais ainda este ano – atualmente tem serviços em Porto Alegre/RS. Segundo Murlick, no ano passado foram mais de 80 contratações por dia, de diversos serviços, sendo que 50% dos usuários eram recorrentes, ou seja, acabam fidelizados pela plataforma.
Guide Shops foi o assunto da palestra de Gustavo Reis, criador da Vnda Ecommerce. Ele falou sobre o papel a importância da sinergia entre o varejo físico e on-line, ressaltando a mudança no perfil dos consumidores, mais interessados na experiência de compra do que na posse dos produtos. Citando o conceito D2C (direct to consumer), Reis destacou que o varejo físico deve ser um complemento do on-line, especialmente no quesito experiência. “O e-commerce deve descer para o físico”, disse, destacando cases de sucesso na questão, como o da Insecta Shoes e da Vinci Shoes, empresas que criaram um vínculo com os consumidores nas plataformas on-line e a partir daí lançaram ambientes físicos para relacionamento e experiência de compra.
Trazendo o case da FARM, Pedro Horta, coordenador de Sustentabilidade do Grupo Soma, destacou que a sustentabilidade deve estar na cultura da empresa e não ser apenas um discurso. “As empresas precisam entender que vivemos na era da informação, os consumidores estão buscam mais do que um produto”, disse. E é justamente isso que a FARM realiza, criando um life style também de acordo com a filosofia da empresa, de contato com a natureza e preservação dos recursos naturais. Horta citou projetos da empresa, que busca fornecedores alinhados à filosofia da empresa, ao consumo consciente por meio, parcerias para reaproveitamento das roupas, upcycling, uso racional de matérias-primas, entre outros.
Além-fronteiras
O dia intenso de conteúdos encerrou com o Business Development Manager da Vtex, Danilo Erlam, que falou sobre o e-commerce cross-border. “Hoje 20% do total faturado no e-commerce brasileiro sai do país, para empresas estrangeiras”, disse, ressaltando que as empresas internacionais vendem aqui, mas que as empresas brasileiras ainda engatinham lá fora. Segundo ele, o e-commerce norte-americano já movimento mais de US$ 500 bilhões por ano, sendo 45% deste montante comercializado por lojas internacionais. “É um atrativo para empresas brasileiras que desejam conquistar espaço naquele mercado”, destacou, citando formas de entrada no comércio digital internacional. Erlam disse, ainda, que o processo é muito menos burocrático e oneroso do que se imagina e que não é necessário ter registro no Siscomex para trabalhar na modalidade.
O SNIC contou com os patrocínios da Colorgraf, Couromoda e Francal, e a parceria das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), Associação Brasileira dos Agentes Digitais (AbradiRS), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec).