Dia do Ceramista: de obras de arte a importante fator socioeconômico
28/05/2018
Por: Segs
"A cerâmica nasceu com o homem, não se desconectou dele e é indicadora de sua engenhosidade e capacidade de invenção". A frase da artista plástica e pesquisadora Ana Virgínia Cândido, da Universidade Federal de Minas Gerais, reflete o impacto que a cerâmica representa na história da humanidade, se fazendo presente em quase todas as civilizações da antiguidade e retratando a evolução humana enquanto sociedade. Hoje, a matéria-prima serve como base para obras de arte, utensílios, itens decorativos e materiais essenciais para a construção civil. Para homenagear os profissionais que resguardam essa arte milenar, dedica-se o dia 28 de maio às comemorações do Dia do Ceramista. No Nordeste, a data é comemorada no dia 23 de junho.
Além da tradição cultural, a cerâmica possui um importante papel socioeconômico no Brasil – especialmente o setor de revestimentos –, com atuação significativa no balanço das exportações nacionais, destaque nas economias locais e na geração de empregos. Somente na região do sul catarinense – um dos principais polos da indústria brasileira do segmento –, cerca de 5,6 mil pessoas trabalham diretamente no setor, que foi responsável por movimentar mais de R$24,2 milhões apenas no primeiro trimestre de 2018, segundo o Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Criciúma (Sindiceram).
Para Otmar Muller, vice-presidente do Sindiceram e diretor industrial da Eliane Revestimentos – uma das principais empresas do setor no país – a importância do segmento vai além da fábrica, mantendo uma ampla cadeia de fornecedores de matérias primas, embalagens, transportes e outros serviços. "Além dos empregos diretos para os ceramistas, a indústria cerâmica gera outros tantos nas demais atividades externas às unidades fabris. O setor ainda é determinante para a manutenção e sustentação de serviços públicos prestados pelo governo, já que as empresas de revestimentos são os maiores geradores de impostos atualmente", complementa.
Uma vida dedicada à cerâmica
"Mesmo eu me aposentando, aqui continuará sendo minha segunda casa. Construí minha vida aqui dentro, alicercei minha família e vou levar isso para o resto da vida", reflete Maurício Mazzucco, supervisor de produção na área de fornos. Prestes a se aposentar, ele atua há 27 anos na indústria cerâmica, onde a sua história se funde com a evolução do setor. "Iniciei em 1987 o curso técnico em cerâmica no Instituto Maximiliano Gaidzinski e logo me tornei estagiário na Eliane Revestimentos. Lá, conforme fui me aprimorando até chegar ao cargo de supervisão, acompanhei toda a modernização da empresa e do setor como um todo, passando pela evolução das monoporosas até aos porcelanatos de grandes formatos", relembra.
Natural da região de Criciúma (SC), Mazzucco sempre teve as empresas de revestimentos como uma oportunidade de crescimento, que desde meados dos anos 1960 se destaca como principal alavanca econômica da região. Para atender as indústrias, diferentes tipos de serviços se estabeleceram na região e novas demandas profissionais surgiram, fazendo a economia local ganhar um novo fôlego. "As pessoas gostam de trabalhar na empresa, de saber que a indústria é fundamental para a cidade e que elas fazem a Eliane ser a referência que é hoje. Vejo nos meus colegas a satisfação em ser ceramista, em saber que são importantes não só para Criciúma ou Cocal do Sul, mas para a região como um todo", conclui.
Compartilhando conhecimentos
Aos 18 anos, o jovem Laércio Frasson Zawaski saiu de Santa Catarina para construir sua carreira em Camaçari (BA), cidade na qual a indústria cerâmica conquistou seu espaço aos poucos e hoje é um importante polo para escoamento da produção de revestimentos para o mercado nordestino. "Optei por estagiar na área técnica em cerâmica na Bahia pelo desafio e a aventura, já que a cerâmica era como uma agulha no palheiro no meio das gigantes empresas petroquímicas, o forte da região. Queria crescer profissionalmente mas principalmente pessoalmente, me aventurando em morar longe de casa e conhecendo novos estilos de vida", conta o atual coordenador de processos da unidade da Eliane Revestimentos em Camaçari.
Quando Zawaski chegou na unidade baiana, houve a necessidade de ampliar o leque de profissionais qualificados na região para atuar no setor. Então, ele, juntamente com os demais colegas catarinenses, ajudou a disseminar o conhecimento e a incentivar o ensino técnico. "No começo, nós fomos os 'professores', ensinando os processos de fabricação e de implementação do método da empresa. Como esta questão de ensino é um dos pilares da empresa, a sede – em Cocal do Sul – começou a investir em treinamento e cursos dedicado aos funcionários locais. Hoje, a maioria dos profissionais são daqui, formados na base Eliane", conta.
Incentivado pela empresa e apaixonado pela profissão, Zawaski se formou em engenharia química e concluiu o MBA em gestão de negócios, tendo como objetivo fazer da unidade baiana um grande referencial para o setor cerâmico. "Cresci junto com a fábrica, que no início dos anos 2000 produzia cerca de 280m²/mês. Hoje, nossa produção chega a 800m²/mês. É motivo de orgulho saber que eu ajudei a construir toda esta história. Aqui, conheci minha esposa, meu filho nasceu, criei novas raízes. A cerâmica me possibilitou mudar completamente de vida", finaliza Zawaski.
Atualmente, a Eliane Revestimentos conta com 2400 funcionários diretos que atuam nas seis unidades fabris distribuídas em dois polos: o Sul, com cinco indústrias, sendo quatro em Cocal do Sul/SC, onde também fica a sede da empresa, e a unidade Porcellanato, em Criciúma (SC); e no Nordeste, onde situa-se a unidade de Camaçari (BA); além do Centro de Distribuição em Dallas, EUA.
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