Idealizada pelos professores Bo Adamsom, da universidade de Lund (Suécia) e o Wolfgang Feist, do instituto de construção e Meio Ambiente (Alemanha), a “Passivhaus”, ou “Casa Passiva” ganhou notoriedade através de sua construção sustentável de tornar baixo ou zero o consumo de energia.
Esse processo se dá a partir de um sistema de ventilação artificial que possui níveis elevados de isolamento e selagem térmica, projetados expressamente para reduzir as perdas (ou os ganhos) de calor para níveis reduzidos. Esse modelo de construção permite poupar até 90% da energia para aquecimento/resfriamento em comparação com edifícios típicos, e mais de 75% em comparação com as novas construções com algum tipo de eficiência energética. Também são elogiadas por seu alto nível de conforto. Elas usam fontes de energia de dentro do prédio, como o calor do corpo dos moradores ou o calor solar que entra no prédio - tornando o aquecimento muito mais fácil. Utilizam janelas apropriadas com excelente isolamento térmico, super isolamento das paredes, lajes e piso para manter o calor durante o inverno na casa - e o mantém fora durante o verão.
A ideia surgiu a partir da preocupação com o consumo das reservas energéticas, já que em média 1,5 bilhões de pessoas no mundo têm utilizado 99% delas com tendência crescente. O custo da energia primária tende a crescer cada vez mais, e o abastecimento a longo prazo é questionável. Sendo assim, o padrão de vida depende do uso eficiente e econômico dos recursos energéticos disponíveis e isso inclui também o uso de Técnicas Construtivas Inovadoras e uma Indústria comprometida com as transformações sustentáveis para as construções.
Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) divulgado em 2013, o Brasil ocupa a nona posição dos países que mais consomem energia no mundo. Dos dados extraídos, 44% da energia consumida no país é destinada a Indústria, seguido por 27% de residências. Da energia utilizada em residências, 64% é pela utilização de eletrodomésticos, sobretudo o ar-condicionado e ventiladores.
Pensando nos preceitos da boa arquitetura que visa a utilidade, estabilidade, economia e beleza, a Casa Passiva chegou até o Brasil.
O Projeto foi financiado pelo Governo Federal da Alemanha através do Ministério Federal da Educação e Pesquisa (Bundesministerium für Bildung und Forschung - BMBF) e executado em parceria com o SENAI/DR-RN.
Localizada no Centro de Educação e Tecnologias Flávio José Cavalcante de Azevedo, SENAI da Zona Norte de Natal, a Casa Passiva foi construída atendendo às necessidades climáticas diferentes da concepção européia, com alguns materiais nacionais.
Levando-se em consideração que o clima trópico anual está em média 77% de umidade e 26ºC na região de Natal, de acordo com estudos apresentados pelo Engenheiro Civil Luiz Alberto Bezerra, Gerente de Projetos, Meio ambiente e Energias Renováveis, Especialista Acreditado em Edificações Passivas pelo Passivhaus Institut (PHI), a temperatura agradável para a região seria de 22ºC a 24ºC e 50-60% de umidade (gráfico 1).
O modelo foi construído utilizando o Passive House Planning Package (PHPP), uma ferramenta de balanceamento energético eficiente, que permite aos projetistas a otimização dos edifícios e avaliação de itens que devem ser considerados no planejamento da casa: isolamento, estanqueidade, construção livre de pontas térmicas, ventilação, cargas de aquecimento, conforto climático, entre outros critérios. Foi utilizado isolamento de piso e laje de Neopor 032 (uma espécie de isopor resistente de tecnologia alemã), janelas de vidros duplos, sistema de ventilação com recuperação de calor, desumidificador, pintura externa eletrostática, portas com transmitância térmica e telhado de cerâmica esmaltada. A construção possui certificado do Governo Alemão. O conceito que antes só existia em países europeus e Estados Unidos foi inaugurado em 23 de julho em Natal como a primeira edificação da América Latina.
A casa nomeada de “Gerold Geppert”, homenageia o industrial alemão pioneiro na área de construção civil no Brasil e pai do cônsul honorário da Alemanha no RN, Axel Geppert.
O Embaixador da República Federal da Alemanha, Georg Witschel disse em entrevista à Fiern: “Esta é uma casa modelo de eficiência energética que muito contribuirá para a qualificação profissional de estudantes do Senai, arquitetos, engenheiros, além da transferência de tecnologias entre os dois países. O modelo poderá, futuramente, ser usado para casas populares do programa “Minha Casa, Minha Vida” e até de cidades inteligentes”, destacou o embaixador.
O presidente da Fiern Amaro Sales de Araújo em entrevista à Fiern afirmou que “a casa Passiva é o coroamento da parceria ao longo dos anos, entre o Rio Grande do Norte e o estado da Renânia-Palatinado, em diversas áreas de educação e inovação. Uma grande contribuição para o desenvolvimento mais sustentável na construção, além de economia e eficiência em energia. Este será um centro de referência no ensino e atualização de métodos e processos para a construção das casas passivas.”
A visita à Casa Passiva ocorre através de agendamento através do número (84) 3208-1450, SENAI, Unidade Zona Norte.
Gráfico 1
Gráfico 2