A utilização da madeira como lenha na produção da cerâmica vermelha é um dos insumos com maior preocupação para empresários, que lidam com o alto consumo e, consequentemente, alto custo do combustível, bem como para a nova geração de engenheiros florestais que visam diminuir o impacto ambiental com a redução da lenha utilizada sem interferir no potencial energético.
Cinthya Patrícia (24), estudante de pós-graduação em Ciências Florestais, pela Escola Agrícola de Jundiaí, Macaíba, juntamente com o Grupo de Estudos em Energia de Biomassa (GEEB), apresentou a segunda etapa de sua dissertação por título: “consumo e viabilidade econômico-financeira de lenha em forno tipo câmara para a produção de cerâmica vermelha no Rio Grande do Norte”, que apresentou a Mimosa tenuiflora, popularmente conhecida como Jurema preta, como solução. “Atualmente se utiliza a madeira de cajueiro que, segundo a literatura, o potencial energético é muito baixo”, disse.
Os dados de energia da madeira de cajueiro e jurema-preta foram obtidos através da avaliação da sinterização dessas diferentes madeiras e depois as duas juntas. Esse processo que dura em torno de 24 horas, foi realizado na Cerâmica T. Melo e acompanhado de perto pelas estudantes Sarah, Isabelle e Cynthia sob orientação da professora Rosimeire Cavalcante.
O estudo revelou que, utilizando 50% de Jurema-Preta e 50% de cajueiro, o consumo da lenha reduziu pela metade. Isso implica em maior economia para a cerâmica.
Embora com tanta vantagem, o principal motivo para que a madeira de cajueiro seja popular entre as empresas cerâmicas é, sobretudo, o valor; “as empresas utilizam essa fonte por ser viável economicamente, mais barato, no entanto quando se utiliza uma madeira nativa ela tem um potencial energético superior”, comenta a estudante. A engenheira, professora e pesquisadora Rosimeire Cavalcante, disse que um dos motivos do a razão é a ausência de fiscalização da madeira sobre manejo: “em função disso há um aumento na comercialização de madeira ilegal que custa muito mais barato.. Então fica difícil competir, extrair madeira da caatinga, uma vez que custa muito mais.”
Segundo um relatório técnico do IBAMA (1991), em torno de 830 toneladas de lenha são utilizadas no Estado, entretanto não há registros legais sobre esse desmatamento. Portanto, boa parte da lenha utilizada não possui registro de procedência.
A burocracia no manejo é um dos fatores que torna a madeira nativa com o valor tão acima dos recursos frequentemente utilizados. Os donos de fazenda têm dificuldade em tornar o plantio legal.
Outros estudos sobre as biomassas estão sendo desenvolvidos também no LABEM - Laboratório que focam nos fornos e nos combustíveis para o setor cerâmico. Embora o núcleo seja pioneiro na área do estudo de combustível para o segmento, ainda há dificuldades com o financiamento das pesquisas, o que limita as atividades e progresso dos resultados.
O que falta avançar é cada vez mais a academia ter o órgão ambiental, a fundação de indústrias e o sindicato de cerâmicas de portas abertas, como está acontecendo.