Na volta às aulas, presidente da Fieg recepciona alunos do Sesi Senai e alerta para possibilidade de demissões e fechamento de unidades caso haja corte dos recursos
Elevar a formação de mão de obra para a indústria ao patamar da Coreia do Sul, um dos países em alta no ranking do WorldSkills, a “copa do mundo” da educação profissional, vencida pelo Brasil em 2015. A busca da excelência do ensino técnico foi reafirmada pelo novo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel (foto), durante a abertura do ano letivo da rede Sesi Senai em Goiás, realizada nesta segunda-feira (21 de janeiro), na Escola Senai Vila Canaã.
Na oportunidade, Mabel reiterou a defesa da preservação dos recursos do Sistema S (que inclui Sesi e Senai), diante da ameaça de cortes anunciada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “O ministro pensa só numa eleição. Estadista pensa numa geração, não somos políticos. Poderia aplaudir a ideia, algumas indústrias poderiam achar ótimo, porque seria um encargo a menos. Mas quem vai treinar essa mão de obra para o futuro? Quem vai qualificar profissionais para atender à crescente demanda das empresas? Projeto em curto prazo apenas para eleição é um erro. Por isso o Brasil é tão atrasado em educação”, avaliou.
O presidente da Fieg considerou desastrosa a possibilidade de cortes no Sistema S e elevou o tom ao desafiar o ministro Paulo Guedes a encontrar qualquer irregularidade nas contas do Sesi e Senai em Goiás. “Se aqui tiver algum tipo de desvio de recursos podem cortar 100% da nossa verba, mas não vão achar nada de errado. Somos referência em formação de profissionais para indústria. Líder mundial na fabricação de equipamentos agrícolas, a John Deere possui três centros de treinamentos no Brasil, um aqui no Senai Vila Canaã. A empresa investiu R$ 6 milhões na unidade porque a instituição tem credibilidade”.
Segundo Sandro Mabel, hoje uma redução de 30% nas receitas do Sesi e Senai em Goiás traria consequências graves para todos, empresas, trabalhadores, sociedade. Estimativas preliminares apontam o fechamento de seis ou sete das 28 unidades das instituições, a eliminação de mais de 76 mil matrículas e demissão de até 800 funcionários. A redução de receitas implicaria ainda em o Sesi não ter como aceitar mais de 40 mil participantes de ações educativas, não prestar atendimento e procedimentos médico, ocupacional e odontológico, vacinação e exames complementares a mais de 100 mil pessoas, além de o Senai reduzir drasticamente a formação e qualificação profissional necessária à indústria goiana.
“Queremos levar vocês, alunos, para a indústria”
Uma conversa descontraída marcou as boas-vindas do presidente da Fieg, Sandro Mabel, aos alunos do Sesi Senai Vila Canaã, na abertura do ano letivo. Ele contou sobre sua trajetória profissional de sucesso, iniciada na indústria. “Fui criado dentro da empresa. Minha mãe colocava dois sacos de farinhas deitados e eu ficava no meio deles. Comecei a trabalhar com 13 anos, fiz de tudo na indústria. E com isso fomos crescendo, trabalhando”.
Sandro Mabel convidou os alunos a conhecer as potencialidades de crescimento pessoal e profissional proporcionado pelo setor industrial. “Nosso objetivo é encantar vocês, queremos levar vocês para a indústria. Um curso superior é importante, mas com a formação técnica, o caminho para o mercado de trabalho é mais curto, a empregabilidade é alta. Queremos formar vocês para serem disputados pelas indústrias e elevar a competitividade delas”, disse.
Fotos: Alex Malheiros
Sandro Mabel conversa com alunos do Sesi Senai Vila Canaã, que retornaram às aulas nesta segunda-feira (21/1)
Novo ensino médio
Desde 2018, o Sesi, instituição mantida pela indústria, adotou o novo ensino médio, formato que permite aos estudantes serem protagonistas da absorção do conhecimento e saírem preparados para atuar em profissões do futuro. Diferentemente da educação tradicional, no novo ensino médio, os alunos são avaliados por habilidades que desenvolvem durante as aulas, abrangendo aspectos como produção de inovação pelo aluno, participação com perguntas, criatividade, demonstração de autoconfiança ao responder, respeito aos professores e demais colaboradores da escola. A Unidade Integrada Sesi Senai Aparecida de Goiânia iniciou a metodologia em 2018 com uma turma-piloto de 38 alunos. Os resultados são tão positivos que a experiência pedagógica foi estendida para outras quatro unidades este ano. O Sesi começa o ano letivo com mais 320 alunos matriculados no novo ensino médio. Arthur da Silva Costa, de 15 anos, é um desses alunos e se mostra empolgado com a experiência. “Estou ansioso para começar porque sempre quis estudar no Sesi, vou iniciar o ensino médio com essas mudanças que vão ser boas para elevar o nível de aprendizado e quem sabe posso trabalhar numa indústria.”