(Atualizada às 16h07) Fabricantes de materiais de construção estão otimistas em relação ao desempenho de vendas no próximo ano. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) ainda não fechou sua projeção para 2019, mas o presidente da entidade, Rodrigo Navarro, avalia que o faturamento deflacionado do setor terá alta de pelo menos 2%. A expansão do acumulado de 2018 ficará entre 1,5% e 2%, interrompendo três quedas anuais consecutivas. De janeiro a novembro, houve crescimento de 1,7%.
"O novo governo já deixou claro que a construção será um dos pilares de crescimento rápido e de geração de emprego", diz Navarro. O presidente da Abramat ressalta que a manutenção da expansão da economia, os juros baixos, a retomada de obras de infraestrutura, os lançamentos imobiliários e as vendas do varejo justificam a expectativa de aquecimento
do setor. "O aumento do consumo de materiais e a retomada da economia brasileira estão condicionados às reformas políticas, que já estão sendo discutidas antes mesmo de o novo governo tomar posse", diz o presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier. No entendimento do executivo, "o setor tem um cenário desafiador no curto prazo, mas todos concordam que o pior já passou". "A expectativa é que o próximo governo veja o segmento de construção civil como linha de frente da retomada econômica", afirma Fournier.
Em 2019, o grupo continuará, segundo o o executivo, a investir em novos modelos de negócio e na modernização das fábricas. A Saint-Gobain só terá os dados do fechamento de 2018 em janeiro, mas informa que a alta do faturamento de vendas do grupo para o setor de construção, de 5% a 6%, já foi atingida. De acordo com Fournier, a inflação de custos superou o previsto, o que resultou em altas de preços superiores às projetadas, contribuindo para a expansão do faturamento.
A fabricante de duchas, chuveiros elétricos, metais sanitários e purificadores de água Lorenzetti projeta elevar seu faturamento em 10% ante o R$ 1,37 bilhão obtido neste ano. "Estamos otimistas com a melhora do setor em 2019, por isso ampliamos a nossa capacidade produtiva para suportar o crescimento planejado para os próximos anos", afirma o vice-presidente executivo, Eduardo Coli. Ele diz acreditar que, com o novo governo, haverá avanço em relação às reformas e "possíveis mudanças tributárias no médio prazo".
Recentemente, a Lorenzetti comprou nova área, em São Paulo, para construção de sua quarta fábrica na cidade. Os investimentos em terreno, infraestrutura, equipamentos e novos produtos somam R$ 175 milhões. A empresa possui também uma unidade em Minas Gerais. A Lorenzetti está encerrando 2018 com crescimento de 7%. Segundo Coli, apesar da greve dos caminhoneiros e da Copa do Mundo, foi possível obter essa expansão e "bom desempenho da margem e da rentabilidade" devido ao "planejamento elaborado" da empresa.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) estima que, em 2019, o setor terá crescimento de 4,5% em volume no mercado interno e de 8% nas exportações. Para este ano, a expansão esperada é de 1,2% no mercado doméstico, para 693,1 milhões de metros quadrados, e de 6% no externo, para 693,1 milhões de metros quadrados, e de 6% no externo, para 95,9 milhões de metros quadrados.
"Existe uma grande demanda reprimida por obras de infraestrutura e moradias. A expectativa é de que sejam reativadas as linhas de créditos para a indústria da construção", diz o presidente da Anfacer, Antônio Carlos Kieling. No entendimento do representante setorial, "o novo governo traz as esperanças de retomada do crescimento de forma consistente". A orientação para o mercado da nova equipe econômica tende a resultar em "atração de novos investimentos, e forte geração de empregos", de acordo com Kieling.
Após queda acumulada de 27% em quatro anos, para 52 milhões de toneladas em 2018, o setor de cimento tem expectativa de retomada do crescimento no próximo ano, puxado pela demanda do insumo para edificações residenciais, comerciais e industriais. Os dados de 2018 ainda não foram consolidados, mas o presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Paulo Camillo Penna, espera que a retração tenha sido da ordem de 1,5%.
No início do ano, a projeção das indústrias de cimento era de crescer de 1% a 2%, mas a piora dos indicadores econômicos e a greve dos caminhoneiros resultaram em nova queda. "Em dez dias de greve dos transportadores, perdemos 900 mil toneladas de vendas", afirma Penna. O presidente do SNIC ressalta que "os sinais estão trocados", com encolhimento de vendas e aumento de custos, principalmente de coque e energia elétrica.
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