Iniciativa é desenvolvida pela pesquisadora Juliana Braga da UFU em parceria com o SINDMOB, UNESP e Universidade de Lisboa.
O MDF (Medium Density Fiberboard) vem ganhando cada vez mais espaço nas marcenarias de todo o Brasil. Ruy Gouveia, presidente do SINDMOB (Sindicato das Indústrias de Marcenaria e Mobiliário do Vale do Paranaíba), explica que a lei n° 12651 de 2012 proíbe as marcenarias de utilizarem matéria prima de matas nativas, ou seja, é permitido apenas o uso de árvores de áreas reflorestadas. Desta forma, por utilizar a chamada ‘madeira de reflorestamento’, o MDF tornou-se a opção mais viável nas indústrias do setor moveleiro.
Além das fibras de madeira, o MDF é composto por uma substância chamada formaldeído, o formol, como é popularmente conhecido. O formaldeído é uma substância altamente tóxica e cancerígena, desta forma, quando as marcenarias não fazem o descarte correto das sobras e dos resíduos de MDF, quem absorve o formol é a natureza, nossos rios, solos etc. E mais, cerca de 25% do MDF utilizado no setor torna-se resíduo.
Cientes deste contexto, a professora do curso de design da UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Juliana Cardoso, criou o projeto CACO, que é desenvolvido em parceria com o SINDMOB, UNESP (Universidade Estadual Paulista) e Universidade da Lisboa.
Um dos objetivos do CACO é orientar e estimular os empresários do setor de marcenaria a destinarem corretamente seus resíduos. A coordenadora do projeto explica algumas das principais ações realizadas desde 2015.
“Primeiramente nós fizemos um diagnóstico com as marcenarias para avaliar a produção de resíduos e para verificar onde eles estavam sendo destinados, depois disso, vimos que as empresas precisavam, de fato, de orientação e auxílio, e foi com este intuito que buscamos e conseguimos validar um acordo setorial. Este acordo foi realizado entre a Prefeitura Municipal de Uberlândia, SINDMOB, os representantes das marcenarias e um aterro industrial da cidade. Este acordo que ocorreu em 2017 auxiliou na regulamentação da destinação dos resíduos oriundos das indústrias”, afirmou Juliana.
O acordo setorial fomentado pelo projeto atua na precificação, orientação e fiscalização dos descartes. O convênio estabelecido prevê um desconto de 50% para a destinação dos resíduos no aterro industrial por parte das marcenarias associadas ao SINDMOB. As estimativas apontaram que, com esse desconto, o valor pago anualmente pelas empresas para destinar os resíduos moveleiros de modo correto é menor do que o valor da multa aplicada às empresas flagradas realizando o descarte irregular. Portanto, a destinação adequada de resíduos reduz os impactos socioambientais e é economicamente positivo para as marcenarias.
Brasil é um dos países que mais produz painéis de madeira reconstituída no mundo
Para os idealizadores do projeto CACO, apesar da diversificação, a cadeia produtiva da indústria moveleira no Brasil é historicamente especializada na produção de artigos confeccionados com madeira por causa da abundância de matérias-primas de origem florestal.
Todavia, em razão das restrições ambientais e legais para a obtenção de madeira maciça, a fabricação de painéis de madeira produzidos com pínus e eucaliptos reflorestados cresceu. Segundo informações da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), em 2016 a produção de painéis de madeira reconstituída (MDF, MDP, etc.) no Brasil foi de 7,3 milhões de m³, dos quais 86% destinaram-se ao mercado interno.
Ainda de acordo com o IBÁ, o Brasil ocupa o 8º lugar no ranking mundial dos maiores produtores de painéis de madeira reconstituída, porém, os fabricantes de painéis disponibilizam os produtos com uma única dimensão, o que dificulta o aproveitamento das placas, e consequentemente, resulta em maiores perdas de material nas marcenarias.
FONTE: https://www7.fiemg.com.br/Noticias/Detalhe/sindmob-fomenta-projeto-que-diminui-o-descarte-de-residuos-oriundos-de-marcenarias-em-uber