Artigo do presidente da FIEMG, Flávio Roscoe
No próximo domingo, o Brasil de hoje, que a todos preocupa, tem a chance de encontrar-se com o Brasil do futuro. Nas eleições mais importantes das últimas décadas, também as mais sensíveis de nossa história, a sociedade brasileira está convocada a escolher deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e o presidente da República que conduzirão o país nos próximos quatro anos. Temos todos, como cidadãos, o dever de oferecer ao Brasil a oportunidade de deixar para trás os equívocos, erros e até o radicalismo dos últimos anos e começar a construção de um novo país. É nossa obrigação!
A tese do voto em branco, do voto nulo e da abstenção massiva não pode mais prosperar, pois soa como grave traição à pátria. É tese criada, defendida e propagada exatamente por aqueles que não querem que o Brasil mude para melhor e, desta forma, possa atender bem às aspirações e necessidades da sociedade. Por tudo isso, devemos rejeitá-la. Também devemos refutá-la porque é por detrás dessa estratégia que se esgueiram líderes de pés de barro, alinhados com o populismo, o corporativismo e com o fisiologismo que tanto mal fazem à sociedade brasileira.
Sabemos o quanto o Brasil precisa mudar e também sabemos que as transformações precisam acontecer aceleradamente. A ação de lideranças políticas descomprometidas com o país tornou o Estado brasileiro maior do que a própria sociedade, construiu um monstro insaciável, que, dia após dia, se apossa das riquezas produzidas pelos brasileiros. O tamanho desmesurado do Estado brasileiro oprime e sufoca a sociedade, impedindo-a de crescer e de se desenvolver.
Precisamos erguer e defender as nossas bandeiras. As eleições do próximo domingo são a nossa melhor oportunidade - o nosso melhor caminho. Reduzir o tamanho do Estado é a nossa primeira e mais importante bandeira – é a nossa bandeira-síntese, que nos permite desfraldar incontáveis outras. É o tamanho do Estado que impõe aos brasileiros uma das maiores cargas tributárias do mundo, uma legislação da previdência social que se constitui em verdadeiro atentado às finanças públicas, uma legislação eleitoral caótica e casuística, além de taxas de juros estratosféricas. É tudo consequência do Estado mastodôntico.
Nossa carga tributária é altíssima, equivalente à de países nórdicos. Sabemos, todavia, que essa enorme arrecadação é insuficiente para sustentar a máquina pública. Temos um déficit total (gastos primários mais pagamento de juros) da ordem de 6% do PIB. Além disso, os nossos problemas fiscais não se resumem apenas ao presente - o futuro ameaça ser ainda mais catastrófico se nada for feito agora. A previdência mostra tendência explosiva, por isso precisa ser reformada. Os investimentos públicos continuam à mingua, pois é uma das poucas contas em que o governo pode controlar gastos. Em 2017, foi de menos de 1% do PIB.
Por tudo isso, não podemos retroceder nos poucos avanços que tivemos nos últimos tempos. Candidatos comprometidos com o fisiologismo e com a demagogia, afirmam que a reforma da previdência não é necessária e nem prioritária, na contramão do entendimento majoritário da sociedade brasileira de que se a previdência não for reformada agora, a falência do sistema virá ainda mais rápido. Não existem recursos disponíveis para sustentar essa previdência. Outros candidatos prometem revogar a reforma trabalhista e a legislação da terceirização, aprovadas em 2017 para substituir leis arcaicas, do século passado e que já não funcionavam mais. Trata-se de retrocesso inadmissível!
Há mais. Além da carga tributária visível, acumulam-se “custos regulatórios ocultos”, criados para financiar a insegurança jurídica, a complexidade da legislação trabalhista, tributária e ambiental, entre outros igualmente impactantes. Para cumprir todas as exigências da legislação tributária e trabalhista, por exemplo, as empresas brasileiras gastam quase 2 mil horas anuais. Em países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a média é de 161 horas – 12 vezes menos. Outro exemplo: no Brasil, o empregado custa à empresa cerca de três vezes o valor do seu salário, absurdo que não se vê em nenhuma outra nação, o que degrada a competitividade das empresas brasileiras e compromete o desenvolvimento do país.
As eleições de domingo constituem, portanto, oportunidade para que a sociedade brasileira decida que modelo de país deseja e apoia: o que temos hoje - fiscalista, voraz arrecadador de impostos e perdulário; ou um país que crie condições para que sua economia cresça, gere riqueza e empregos de qualidade. Escolha bem os seus candidatos. Votar em branco, anular ou abster-se é votar contra o Brasil.
Confira AQUI o artigo publicado nesta quinta-feira (04/10) no jornal Estado de Minas.