Em nosso centro de treinamento, temos recebido diversos pedidos de informações sobre as transmissões automáticas 4F27E, muito utilizadas nos modelos Ford Focus e EcoSport, além de alguns veículos da Mazda, entre os anos de 2000 e 2013.
Com quatro marchas, esse modelo de câmbio deveria ter uma durabilidade acima dos 300.000 km. Porém, há um grande número de veículos relativamente novos (inclusive modelos 2012 e 2013) apresentando defeitos graves com cerca de 50.000 km.
O principal sintoma é a patinação ao engatar a terceira. O motor gira, a marcha entra, mas o carro não desenvolve velocidade. Esse problema é causado, geralmente, por danos no alojamento dos anéis de vedação do tambor da direta.
Mas também temos encontrado alguns veículos com problemas similares no tambor de ré. Qualquer que seja o conjunto afetado, a solução normalmente é a substituição de todas as peças com desgaste prematuro. O sistema não aceita “jeitinhos”.
EMBREAGEM - Um agravante é que, quando a transmissão começa a patinar, ela acaba queimando a embreagem. Dessa forma, um conserto definitivo geralmente envolve a troca também desse conjunto, além dos tambores afetados.
É claro que isso aumenta bastante o valor do reparo. Em casos como esse, o correto é fazer uma avaliação muito cuidadosa do problema antes de passar um orçamento para o dono do carro. Dessa forma, você evita mal-entendidos e reclamações.
Também leve em conta que o conserto é complexo e trabalhoso. Para dar uma ideia, um técnico experiente leva umas três horas para desmontá-la na bancada e efetuar todas as verificações necessárias para se montar o orçamento. O reparo e a remontagem levam, no mínimo, dez horas de serviço.
Outro problema é que, sempre que há uma queima do conjunto da embreagem, o conversor de torque deve ser revisado, pois fica cheio de resíduos. Se não for limpo, pode contaminar a transmissão, ocasionando até o entupimento do corpo de válvulas e filtro.
POR DENTRO - A transmissão automática 4F27E é um modelo de quatro marchas para veículos de tração dianteira. Suas trocas são controladas eletronicamente e a quarta atua como um overdrive. As relações de marchas são alcançadas por meio de dois conjuntos de engrenagens planetárias, conectados um atrás do outro.
Os conjuntos das planetárias são acionados ou bloqueados com o uso de discos múltiplos, para se criarem as quatro marchas à frente e uma ré. A 4F27E conta com três embreagens e um freio acionados por esses discos. Também existe a cinta, que é outro elemento de bloqueio.
Para quem não está familiarizado com as transmissões automáticas, a forma mais fácil de identificar a diferença entre os discos de embreagem e freio é ver o ponto de ancoragem. Se estiver preso aos tambores, é embreagem. Se estiver ligado à carcaça, é freio.
De forma a minimizar o consumo de combustível, a embreagem do conversor de torque é aplicada pelo PCM na terceira e quarta marchas, dependendo da posição do acelerador e da velocidade do veículo. Para a 4F27E é recomendado apenas o fluido Mercon V.
Essa transmissão também conta com seis solenoides. Os modelos “A” e “B” são do tipo liga-desliga e controlam as mudanças no corpo de válvulas. Os itens “C”, “D” e “E” são PWM e controlam a pressão aplicada aos componentes. O sexto componente é do tipo EPC.
Fonte: http://www.reparacaoautomotiva.com.br/single-post/2017/02/03/CÂMBIO-4F27E---Desgaste-prematuro-e-um-grande-prejuízo