Anualmente, entre maio e julho, o Sindicato da Indústria do Tabaco do Estado da Bahia (Sinditabaco) articula os testes de segurança fitossanitária do tabaco para exportação chinesa
Foi iniciado no Recôncavo da Bahia o período de coleta de amostras de tabaco, que serão analisadas para garantir ao território a manutenção do status internacional “área livre do mofo azul”. O processo é conduzido pelo Sinditabaco em parceria com a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), desde 2011, e faz parte do acordo com a China para a exportação da folha do tabaco brasileiro. As amostras serão enviadas em julho para o laboratório da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), que é credenciado para esse tipo de inspeção.
Depois que as amostras de tabaco colhidas são validadas, o Mapa emite um certificado informando à China que a planta está livre de pragas. Com isso, é enviada ao Brasil uma comitiva chinesa formada por compradores do setor tabagista e pesquisadores da Administração Geral da Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena (antiga AQSIQ) –órgão chinês semelhante ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Eles comprovam as análises realizadas e autorizam mais um ano de importação da folha in natura.
O mofo azul é uma doença causada por um fungo que prejudica a folha do tabaco até levar a morte da planta. O problema é mais comum no sul do país, devido à umidade do clima do local. As temperaturas em que se encontram as plantações da região nordeste do Brasil não favorecem o surgimento da doença.
O Recôncavo da Bahia é maior produtor de tabaco escuro para charuto do país e envolve 23 municípios em sua cadeia produtiva, como Governador Mangabeira e São Gonçalo dos Campos. Ao todo, a atividade gera 4,5 mil empregos diretos e indiretos na região, que em sua maioria são de mulheres responsáveis pelo sustento de suas casas.
A China é um expressivo importador de produtos brasileiros
A China está entre os cinco países que mais compram a folha de tabaco produzida no Recôncavo da Bahia. Para o diretor executivo do Sinditabaco, Marcos Augusto Souza, o mais importante nessa relação comercial é valorização do tabaco baiano. “Os chineses compram nosso tabaco, porque para eles esse produto representa o tempero na produção de outros charutos, proporcionando sabor e aroma diferenciados ao produto. Funciona como se fosse o sal e a pimenta na comida”, explica.
Além da Bahia, os chineses também compram o tabaco produzido em outros estados como Alagoas e Rio Grande do Sul. Segundo o Mapa, a China é o maior mercado para os produtos agropecuários brasileiros, consumindo 39% do total de nossas exportações. No caso do tabaco baiano, o país asiático importa em média 15% de toda produção local. Em 2017, os embarques agropecuários somaram US$ 26 bilhões, com liderança da soja em grão (US$ 20,3 bilhões), e celulose (US$ 2,6 bilhões).