Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), aponta que o Brasil é o sexto país com o maior custo do Megawatt/hora de energia para a indústria. Fica atrás, apenas, da República Checa, Colômbia, Singapura, Itália e Índia. Só para se ter uma ideia, este mesmo estudo revela que o custo desse insumo é de, em média, no Brasil, de R$ 402,26 o MW/h. Esse valor é 46% maior do que a média internacional: R$ 275,74 o MW/h. Nossos vizinhos aqui na América do Sul, como a Argentina e Paraguai, têm o custo médio do MW/h estimado em R$ 57,6 e R$ 97,8, respectivamente.
Este é o quadro da indústria, setor que represento no Conselho de Consumidores de Energia Elétrica de Goiás (Conceg, antigo Concelg), que tenho a honra de presidir e que é formado por outras quatro classes de consumidores: residencial, rural, comercial e poder público.
Mas, de uma maneira em geral, o consumidor brasileiro paga muito caro pela energia elétrica que consome. O que, de certa forma, é uma situação que não condiz com as potencialidades que temos para produzir este bem essencial para as nossas vidas. Ocorre que temos aqui no Brasil, uma alta carga de impostos que incide sobre a fatura de energia; temos muito desperdício, sobretudo, pelos chamados “gatos” e este custo acaba sendo rateado para todos; temos erros na condução da política energética no País, que também são creditados na nossa conta e, ainda, temos também os subsídios, programas para população de baixa renda, custo da conta de combustível e uma série de outros encargos que são agregados à nossa conta da energia.
Hoje, se a produção de energia nas hidrelétricas não está dando conta de atender a demanda, são acionadas as bandeiras tarifárias, que aumentam a tarifa do KWh, conforme a situação: bandeira verde (não tem acréscimo de tarifa, as condições são boas); bandeira amarela (condições menos favoráveis, com aumento na tarifa) e bandeira vermelha (patamar 1 e 2, com condições custosas de produção e aumentos maiores na tarifa).
No entanto, não são estas as bandeiras que queremos levantar, mas sim a bandeira de uma energia mais limpa, do ponto de vista da produção, com novas fontes para a geração e, principalmente, uma energia mais barata. Não é uma missão fácil, pelo sistema complexo que foi desenhado para o sistema tarifário brasileiro. Além do que, temos um País com diferenças regionais grandes, que resultam em custos operacionais também grandes. Pudemos observar isso de perto, no recente encontro realizado pelo Conselho de Consumidores de Energia Elétrica realizado em Porto Velho, capital de Rondônia, e em outros encontros que temos participado de outras regiões. Estes encontros nos dão a oportunidade de conhecer realidades diferentes dos consumidores de energia e de trazer experiências que possam ser implementadas aqui em Goiás, em benefício às classes por nós representadas no Conceg.
Agora, neste mês de maio, nos dias 17 e 18, iremos realizar pela primeira vez em Goiás, o I Encontro Centro-Oeste de Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica. Teremos, na verdade, um encontro de abrangência nacional, dada a presença de conselheiros de outras regiões do País, além da região Centro-Oeste, que já se inscreveram para participar do evento. Teremos a oportunidade de mostrar o trabalho que fazemos aqui e, diga-se de passagem, Goiás foi um dos primeiros, senão o primeiro estado brasileiro a criar o conselho de consumidores, trabalho este liderado pelo nosso decano da indústria, o professor Hélio Naves, que será homenageado durante o encontro.
Nossa meta é que o Conceg seja uma referência. Para isso, estamos melhorando a sua estrutura e as nossas condições de atuação, bem como ampliando a comunicação. Temos um diálogo de alto nível com a Enel Distribuição Goiás. Ou seja, estamos avançando, e muito! Mas, queremos avançar mais, para que possamos empunhar com mais força a bandeira de uma energia de mais qualidade e menor custo; a bandeira para que os municípios possam investir de forma mais clara e maciça os recursos da Contribuição de Iluminação Pública, a CIP; a bandeira para que tenhamos mais vez e voz nos poderes de decisão das políticas públicas de energia elétrica.
Enfim, são muitas lutas, desafios e bandeiras que temos pela frente. Mas, a nossa força é a força da união em prol do bem comum. E, assim é que vamos continuar trabalhando, com muito empenho e dedicação dentro do Conceg, na atuação de cada conselheiro que é um voluntário da causa. Parabéns a esses guerreiros conselheiros. As portas de Goiás estarão abertas para receber os companheiros que virão de outros estados. Que sejam todos bem-vindos e vamos compartilhar ideias, ações e tudo que for de positivo para os nossos objetivos, que são objetivos de toda a sociedade.
Wilson de Oliveira é presidente do Conselho de Consumidores de Energia de Goiás (Conceg), representando a classe industrial, através da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).