No ano que vem, o Fundo Constitucional de Financiamento Centro-Oeste completa 30 anos de existência. Criado pela Lei n.º 7.827, de 27 de setembro de 1989, o FCO visa contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região, por meio de programas de financiamento aos setores produtivos. O FCO tem abrangência em 467 municípios, distribuídos entre os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.
O Fundo, hoje, é uma engrenagem importante para acelerar o motor da economia goiana. Através dos investimentos aportados nas empresas via FCO, muitos empreendimentos foram viabilizados, muitas plantas produtivas foram ampliadas, contribuindo para a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, ao longo destas três décadas. Além do incremento de receita decorrente do crescimento e fortalecimento do ambiente de negócios.
Através da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), tenho acompanhado de perto esta trajetória e sou testemunho do quão importante o Fundo Constitucional de Financiamento Centro-Oeste tem sido para Goiás e, em especial, para o setor da agroindústria.
Entretanto, o segmento industrial vem ano a ano perdendo terreno dentro do FCO, que também abarca atualmente o setor de serviços. Nossa preocupação tem sua razão de ser, pois tem aumentado significativamente, as exigências para a contratação de créditos do fundo através do Banco do Brasil, seu principal operador. No ano passado, o maior volume de recursos ficou com a área rural. E, ainda, mudanças nas regras de contratação vêm gerando incertezas para os tomadores de financiamentos, pois eles não sabem, ao certo, se vai aumentar no meio do caminho e o impacto dos possíveis aumentos, pois criou-se uma fórmula muito complexa para formar o custo do financiamento. Pode até diminuir, mas isso seria mais difícil. As regras, ainda, não foram alteradas para o meio rural, em detrimento dos demais, porque o plano safra 2018 só será definido a partir do segundo semestre. Mas, a expectativa é que mais mudanças venham por aí.
Para nós, da indústria, é importante que o FCO garanta linhas de crédito de longo prazo e não apenas para capital de giro, com prazos mais curtos. Temos a necessidade de fazer investimentos que possam garantir a modernização das nossas plantas produtivas, fazendo frente aos desafios da qualidade, da inovação e, por consequência, da competitividade.
Há que se levar em consideração que a indústria é a base da cadeia produtiva, que dá sustentação a outros setores econômicos. E, dessa forma, deve ter um atendimento prioritário e não, ao contrário do que estamos sentindo, um ameaça velada de expulsão do Fundo, pelo rigorismo das exigências, a complexidade da equação para nortear o custo dos financiamentos e a dificuldade imposta à elaboração de projetos.
De qualquer forma, acreditamos que esta é uma discussão para ser colocada à mesa, objetivando fazer com que o FCO continue exercendo o seu papel constitucional de altíssima relevância. O setor industrial, certamente, anseia que o Fundo seja modernizado cada vez mais e possa estimular com mais força este segmento, visando alavancar a geração de emprego, renda e divisas. E combater as desigualdades regionais.
Podemos, certamente, no ano que vem, ter mais motivos para comemorar os 30 anos do FCO e vamos continuar trabalhando e sendo parceiros do Fundo, para que tenhamos um novo horizonte de conquistas para a indústria e os demais setores.
Wilson de Oliveira é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás; presidente da Fieg Regional Anápolis e do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos)