Em um dia de trabalho normal, você começa a erguer o veículo no elevador em sua oficina e, quando menos espera, ele cai. Temos escutado vários casos relatados no Grupo “O mundo dos mecânicos” no Facebook, em que os profissionais contaram suas histórias, sustos e muitos prejuízos que tiveram.
Por isso, todo cuidado é pouco. Segundo os reparadores, é importante estar sempre atento ao correto posicionamento do veículo nos elevadores, aos prazos de manutenção e às medidas de segurança. Outro fator relevante, mas que muitas vezes passa despercebido, é o seguro nas oficinas, pois em uma situação dessas o prejuízo arcado pode trazer graves problemas também à saúde financeira da empresa.
MANUTENÇÃO – Um simples descuido na manutenção dos equipamentos quase causou um grave acidente em uma oficina na cidade de Santa Helena de Goiás (GO), conforme um reparador, que preferiu não se identificar. Por questões de segundos ele não chegou a ser esmagado pelo veículo que caiu do elevador. De acordo com o profissional, existiam dois equipamentos no estabelecimento, um de baixo porte, que suportava 2.000 toneladas, e outro de 4.200 toneladas.
Uma semana antes do acidente, um dos reparadores da oficina decidiu trocar a embreagem de uma Zafira (GM) no elevador que não suportava o peso. E mesmo sendo alertado pelos demais companheiros, continuou com o trabalho, e o equipamento só conseguiu subir até metade do caminho. Depois disso, o elevador não foi mais o mesmo, começou a apresentar barulhos estranhos, mas mesmo assim a manutenção adequada não foi realizada.
No dia do acidente, o reparador levantou um Fiat Uno para realizar o conserto e, ao sair debaixo do veículo para buscar uma chave, o elevador se soltou de um lado e o carro desabou; por poucos segundos ele se livrou de sérios ferimentos. Só após a oficina ter vivenciado esse perigo real e arcado com o prejuízo da queda do automóvel do equipamento então foi substituído por outro, e a manutenção passou a fazer parte de sua rotina.
POSICIONAMENTO – O antigo proprietário da oficina, hoje fechada, Carlini Service Car, de Queiroz (SP), Leandro Tadeu Gasparini Carlini, contou que sempre realizava determinados reparos na parte debaixo do motor e no câmbio e, em meados de 2009, ele posicionou uma EcoSport no elevador e começou a levantar o veículo, mas devido à falta de verificação para conferir se ele estava bem posicionado o acidente ocorreu.
Carlini relembra que ao erguer o veículo ele percebeu que o equipamento começou a balançar e então quando foi checar percebeu que a sapata do braço do elevador estava muito fora do local indicado: a sapata cedeu, o braço correu e o carro tombou. “Só deu tempo de pular para o lado”, destaca. “A autoconfiança me causou esse problema, e hoje só executo um serviço após verificar se o automóvel está completamente seguro.”
Após esse acontecimento, o reparador teve que assumir todos os prejuízos, pagando o valor da tabela Fipe do veículo EcoSport para o proprietário, na época R$ 45.000,00, além de ficar com o carro, gastando mais de R$ 9.000,00 para fazer a funilaria. “Com isso, fui obrigado a fechar minha oficina, hoje sou reparador na Usina Clealco”, completa.
DETALHES – Já segundo Reunivan Fernandes do Prado, de Goiânia (GO), foram os detalhes que levaram à queda do veículo. O profissional ressalta que o Corsa Classic na parte lateral/frontal tem uma área chanfrada, que se não observada pode causar o escorregamento dele no elevador. Além disto, o equipamento estava vibrando por estar com o varão (rosca sem fim) empenado, facilitando a queda.
Devido a esses detalhes que passaram despercebidos, o carro acabou caindo de uma altura de 1,50 m. “O proprietário do veículo estava presente no momento e dissemos para ele levar o carro a uma oficina de lanternagem e pintura de nossa confiança que arcaríamos com as despesas”, lembra.
ERRO – Valder Amorim Ribeiro Filho, de Piracuruca (PI), conta que presenciou um acidente em que a falha foi o descuido do reparador. “O profissional errou ao colocar a base do motor do carro, era para ser colocada em cima, e ele colocou embaixo, com isso o elevador acabou baixando e o veículo caiu, por pouco ele não saiu ferido.”
A Oficina I. E. Mecânica foi responsável por cobrir os prejuízos do veículo, algo em torno de R$ 4.000 ,00 em despesas de funilaria
De acordo com ele, em seus 10 anos de trabalho na I. E. Mecânica, o elevador (modelo de rosca) nunca havia apresentado nenhum defeito, apenas uma correia embaixo se quebrou, mas a manutenção é um assunto sério para a oficina. Hoje, o reparador abriu seu próprio estabelecimento em Piracuruca, a Auto Center WF.
SEGURO - De acordo com Marcelo Santana, gerente de Ramos Elementares da Porto Seguro, o seguro empresarial da companhia atende o segmento de oficinas de veículos, abrangendo os em poder do estabelecimento para consertos ou reparos. O produto oferece duas opções de coberturas para os veículos de terceiros, o RC Guarda de Veículos Simples e Ampla.
Na cobertura Simples, os veículos estão amparados em caso de incêndio, subtração do veículo mediante ameaça ou arrombamento do local. Na cobertura Ampla, além dos eventos previstos na cobertura Simples, estão amparados também danos por colisão durante as manobras realizadas na oficina e pela queda do carro de elevadores (porém, a conservação dos equipamentos é de responsabilidade da oficina, que deve zelar para a prevenção de acidentes), danos pela queda de objetos em veículos, além de danos por desabamento ou desmoronamento total ou parcial do imóvel onde funciona o estabelecimento.
Santana reforça que ter um seguro que ampara os carros que estão em poder da oficina é de extrema importância para os proprietários, pois a responsabilidade civil existe independentemente da existência de seguro, ou seja, em caso de danos causados aos veículos por acidentes ocorridos dentro da empresa, roubo ou mesmo incêndio que atinja o local, o proprietário pode ser responsabilizado civilmente a indenizar os prejuízos causados a terceiros. Essa mesma responsabilidade existe para funcionários que se machuquem no exercício de sua função, em que a cobertura de RC Empregador irá amparar as despesas médicas, bem como indenizações em caso de invalidez ou morte do funcionário, estabelecidas em juízo.
Fonte: http://www.reparacaoautomotiva.com.br/single-post/2017/08/29/QUEDA-DE-VEÍCULOS-NOS-ELEVADORES-AUTOMOTIVOS