Reciclagem, sustentabilidade e inovação nos tecidos
23/03/2018
Segundo projeções do mercado, a produção mundial de roupas terá dobrado até 2025 e esse volume terá um peso enorme para o meio ambiente, uma vez que 80% dos tecidos que jogamos fora, acabam em aterros sanitários. Esta na hora de apostar na reciclagem e sustentabilidade como parte da inovação no ramo têxtil.
Tecidos sustentável e reciclado
Não precisamos projetar o futuro. Estima-se que, atualmente, 50 milhões de toneladas de roupas são jogadas fora a cada ano. E tecidos misturados ao lixo viram uma “esponja”, absorvendo rejeitos e demorando ainda mais para degradar.
Nas confecções do Brás e do Bom Retiro (centro da cidade de São Paulo), todos os dias são geradas 20 toneladas de retalhos de tecido, material que é colocado nas calçadas e recolhido por caminhões com o lixo comum.
Esse cenário precisa fazer as confecções e grandes marcas se moverem em direção ao tecido sustentável. Vamos acompanhar o que algumas estão fazendo:
Refibra
A empresa Lenzing aposta em uma fibra chamada Refibra, feita a partir de celulose contendo os resíduos de algodão que sobraram dos cortes de produção e de resíduos de madeira.
A nova fibra de celulose Refibra foi lançada pela Lenzing na feira têxtil Première Vision, em Paris. É uma das primeiras fibras do seu tipo produzida em escala comercial utilizando um alto volume de material reciclado. A Refibra mostra o potencial da criação de fibras de alta qualidade com materiais que seriam normalmente desperdiçados durante a produção.
A importância estratégica dessas novas fibras é tanta que a companhia desenvolveu um sistema de identificação para que os clientes tenham certeza de que a fibra que compraram é realmente feita a partir de material reciclado. O sistema faz com que seja possível identificar a fibra nos tecidos comprados da indústria. Isso garante uma maior transparência na cadeia de processamento geral.
Tricô 3D
Benetton lança seu o inovador conceito ‘malha de fio único’. Tecer malhas sem costura e usando apenas um rolo de fio permite uma utilização de quase 100% do fio original sem gerar qualquer desperdício durante o processo de fabricação. O conceito de fio único foi lançado recentemente pela marca italiana.
Uma camisa de manga longa de 130 gramas é produzida com apenas um único rolo de 500 metros de fio, tecida sem costura numa máquina de tricô 3D. A peça leva uma hora para ficar pronta. Depois de um certo tempo de uso, a malha é devolvida na loja pelo consumidor para ser enviada de volta à fábrica para reciclagem. Na fábrica, a malha é cuidadosamente picotada e depois transformada quimicamente num novo rolo de fio, para ser reutilizado na máquina de tricô e tecer uma ‘malha de fio único’ com novo design.
Com a nova tecnologia de reciclagem química com líquido iônico, este processo poderia ser repetido infinitamente com a adição esporádica de pequenas quantidades de fios novos para tecer fios de alta qualidade.
Reutilizar, doar, reciclar!
A H&M segue um caminho mais tradicional do que tecnológico em busca da moda sustentável, recolhendo roupas que os consumidores já não usam mais, independentemente da marca. O objetivo é dar a todas as peças uma nova vida, seja através da reciclagem, doação ou de outras soluções que passem longe dos aterros sanitários.
A marca sueca desenha modelos que são totalmente feitos de material usado, mas afirma que uma elevada porcentagem dos tecidos coletados não pode ser reutilizada com qualidade.
Todas as peças que estejam em boas condições são distribuídas pelo mundo para serem utilizadas em segunda mão. As restantes são convertidas em outros produtos, como panos de limpeza ou “moídos e utilizados nas indústrias da construção e automóvel como materiais de revestimento e isolamento”. Peças metálicas como os botões e fechos enviados para a reciclagem industrial.
E você? Já pensou em lavar menos o seu Jeans?
Tecidos sustentáveis e reciclados
Economia circular é o caminho
Com muita pesquisa e ações efetivas, as marcas começam a oferecer soluções para introduzir a economia circular na indústria têxtil.
Os poucos exemplos nesta matéria mostram o potencial para reaproveitar materiais inutilizados e reduzir o desperdício em toda a cadeia de valor, criando assim novas matérias-primas.
O que o consumidor brasileiro pode fazer?
As marcas acima mal tem representantes no Brasil, portanto as soluções desse artigo podem estar longe do nosso alcance. Mas isso não impede que tomemos medidas para que nossas roupas sejam mais sustentáveis. Veja algumas sugestões:
– Lave menos o seu jeans! Mantenha a higiene, mas observe seus hábitos. Muitas pessoas tem mania de colocar para lavar o Jeans da mesma forma que faz com uma camiseta ou com roupas íntimas. Será mesmo necessário?
– Doe ou venda suas roupas em bom estado. Muita gente precisa e nossa economia favorece encontrar excelentes oportunidades em brechós.
– Não tem condições de uso? Vira pano! O que você prefere, gastar comprando pano de chão ou uma nova camiseta?
– Pressione, se informe! É fã de alguma marca de roupas? Corre então para as redes sociais e pergunte como eles trabalham a sustentabilidade. Mostre que você poderia ser um consumidor responsável se houvessem opções. Ou vá para o brechó =)
– Faça arte! O site Arte Reciclada tem diversas técnicas passo a passo que vão ensiná-lo como reaproveitar tecidos, tirando sua roupa velha da aposentadoria.
Fonte: Setor Reciclagem