Sujeira na válvula solenoide pode mascarar um problema no sistema
O anda e para das grandes metrópoles não é ruim apenas para o consumo excessivo de combustível. É bom que se diga que alguns sistemas dos veículos sofrem com essa situação, como o de freio ABS. Quem nos conta é o reparador Ricardo Tatiyama, da ABC Freios e Serviços, da cidade de São Caetano do Sul, grande São Paulo. Ele diz que não são raros os casos em que o cliente chega à sua oficina reclamando do pedal baixando e, em outros, que uma roda não freia.
“Eu tenho pego alguns casos de freio ABS que fica um tempo sem uso. O que temos notado são os carros que têm freio ABS praticamente não tem uso durante a sua vida útil, não entra em funcionamento. O que ocorre é que existe na unidade hidráulica um solenoide de isolamento e um de descarga para cada roda. Como fica parada, ela trava, fica sem acionar o ABS, daí forma uma sujeira na válvula. E aí quando a pessoa vai usar o sistema a válvula trava e não volta para posição original”.
O reparador explica que acontece de o freio, fluido, em alguns casos, não ir para uma roda, em outros tem-se a sensação de que é cilindro mestre com problema, que o freio baixa. “Eu mesmo peguei alguns casos dos mais variados, como Ford, Renault e Peugeot com esse problema. Um dos fatores é que o pessoal não troca fluido de freio, não sei se é por falta de esclarecimento, informação, o pessoal não costuma trocar, e isso corrobora, também a falta de acionamento do sistema”.
Testes necessários – “A gente costuma fazer alguns testes, como isolar o cilindro de freio, coloca alguns tampões nos caninhos de freio e deixa só os pedais com o cilindro (imagem 1). Se o cilindro não baixar o pedal (imagem 2), vamos para outra etapa, que é quando a gente liga os caninhos de freio novamente e vai no módulo ABS, tira os caninhos que vão para a roda e isola o pedal (imagens 3 e 4). Se tudo estiver isolado (imagem 5) e baixar o pedal, sabemos que é módulo hidráulico com problema”.​
Um outro teste, sugerido por Ricardo, é quando o fluido não vai para as rodas. “Podemos fazer de duas formas: 1º abrir o sangrador da roda e pisar no freio para verificar se o fluido sai (imagem 6); o 2º é retirarmos o cano de freio da unidade e pisar no freio e verificar se sai fluido (imagem 4). Esses testes levam no máximo uma hora e meia, tempo necessário para não passar um diagnóstico errado para o cliente, porque um cilindro mestre de um veículo com ABS também tem valor alto”.
Ainda conforme o experiente profissional, “em removendo a unidade conseguimos destravar o solenoide, mas em alguns casos a gente tem que trocar a unidade de ABS, por exemplo como aconteceu aqui na minha oficina com um Ford Fusion. Eu também vi um caso em que o mecânico trocou o cilindro mestre e não resolveu. E isso pode acontecer com qualquer modelo de carro, o mais novo que peguei foi um 2015”, conta.
Ouvir o cliente - Para agilizar o diagnóstico, ele explica que é muito importante ouvir o que o cliente tem a dizer. “Se usa muito esse sistema, porque muitos falam que o seu carro está com algum problema no freio quando faz um certo ruído, mas muitas vezes a pessoa nem conhece o funcionamento do sistema. É importantíssimo perguntar se o sistema já entrou em funcionamento, quando foi feita a última troca do fluido de freio, entre outras questões”.
Atenção - O reparador salienta a importância da troca de fluido como preventivo e que esse procedimento agrega para a oficina. “Também seria importante orientar o cliente a acionar o sistema ABS, tendo em vista que é uma peça de valor alto”.