“O desafio está lançado”, afirma o presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon, São Paulo/SP), Alberto Pessina. A frase se refere à necessidade de crescimento da produção de carne bovina no Brasil, que deve aumentar 13% para suprir o aumento de 7% da demanda interna e 31% nas exportações até 2026.
Isso significa que, cada vez mais, é preciso aprender a produzir mais em menos área. “O Brasil é um dos países com capacidade para suprir a demanda mundial por alimentos na próxima década, mas, para isso, é preciso ser mais eficiente e produtivo”, diz Pessina.
O volume de animais confinados em 2017 atingiu 3,4 milhões de animais. Esse resultado representa crescimento de 5,5% em relação ao ano passado, quando a produção foi de 3,2 milhões de bovinos, conforme adiantado pelo líder da associação ao portal feed&food.
Um conjunto de fatores internos e externos, somado os acontecimentos inesperados ligados à cadeia da carne bovina brasileira em 2017, comprometeu a expectativa inicial da Assocon de crescimento do confinamento em mais de 25% no ano.
Além de uma economia engessada, que acaba segurando o consumo doméstico, o primeiro semestre de 2017 foi marcado pela operação Carne Fraca (março), polêmica do Funrural, bloqueio das exportações aos Estados Unidos e delações envolvendo o maior frigorífico do País.
“Ainda que o primeiro semestre não tenha sido plenamente satisfatório ao pecuarista, a boa safra de grãos resultou em preços baixos para milho e soja, o que sempre é um indicador importante para segurar os custos”, explica o gerente executivo da Assocon, Bruno Andrade.
Estimativa de crescimento para 2018. A previsão para o próximo ano, embora preliminar, estima crescimento da cadeia produtiva. De acordo com dados apurados pela Assocon, o confinamento pode aumentar até 12% no próximo ano, uma vez que não deverá haver redução significativa da oferta de grãos, as exportações devem manter o ritmo de crescimento e o mercado interno tem boa expectativa de recuperação.
Com a volta dos empregos e o equilíbrio da economia, há mais recursos nas mãos dos consumidores e isso contribui positivamente para a retomada da pecuária. Esse cenário, no entanto, não quer dizer, necessariamente, preços elevados e firmes para o boi gordo durante todo o ano.
“A combinação de fatores é positiva, mas também temos de analisar que a oferta de gado deve crescer, inclusive motivada pelo maior abate de fêmeas ocorrido no passado devido a recomposição do rebanho. Na verdade, tudo dependerá da velocidade de recuperação da demanda interna. Se esse processo for mais rápido, os preços do boi devem ser mais positivos para os pecuaristas”, ressalta Bruno Andrade.