O 7º Congresso Brasileiro de Inovação, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no mês de junho passado, em São Paulo, teve como tema: “O futuro da indústria no mundo digital”. É uma questão recorrente, pois a tecnologia, a informação e a inovação são elementos cada vez mais presentes e indispensáveis no mundo dos negócios.
O evento reuniu empresários de vários segmentos e de diversas partes do País, com a participação da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), que tem buscado estar à frente de todos os movimentos e ações que, de alguma forma, possam contribuir com o crescimento e o fortalecimento da indústria goiana, um referencial para o Brasil e o exterior pela sua pujança e seu potencial. É uma indústria jovem, com muito horizonte pela frente. E isso precisa ser devidamente capitalizado.
No congresso capitaneado pela CNI, com a liderança do goiano Paulo Afonso Ferreira, vice-presidente da entidade, chamou-me atenção entre os debates com palestrantes de renome nacional e internacional, a questão do distanciamento que ainda há, no Brasil, entre o conhecimento acadêmico e o setor produtivo. Faz-se muita pesquisa, mas são poucos os produtos que se revelam através do conhecimento acadêmico e chegam às linhas de produção das indústrias e, consequentemente, na ponta, no mercado consumidor.
Há muito conhecimento que fica na estante e, infelizmente, muitas vezes, este conhecimento se perde no tempo. Isso acontece porque não existe uma ponte de ligação entre as universidades e as empresas. Os governos não se ocupam e nem se preocupam com esta questão, porque não é algo que dá visibilidade. Mas, creio que essa é uma visão pequena, pois à medida em que o conhecimento e a produção se juntam, todos saem ganhando: teremos melhores produtos, empresas mais competitivas, mais empregos, mais dinheiro circulando na economia. E os governos, que terão ganho substancial com o aumento da arrecadação.
Desde à época em que presidi a Associação Comercial e Industrial de Anápolis, pela primeira vez, busquei desenvolver ações no intuito de fazer esta aproximação junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás, a Fapeg. Mais recentemente, através do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis, iniciamos também um trabalho neste sentido junto ao Laboratório de Alimentos da Faculdade de Farmácia, do Centro Universitário UniEvangélica. De certo, com estas movimentações tivemos algum avanço. Mas, vejo que temos muito campo ainda para avançar nessa relação entre indústria, mercado e conhecimento acadêmico, que estão desconectados.
Atualmente, através dos institutos tecnológicos criados pelo Senai, nas áreas de alimentos e de automação, Goiás dá um passo importante para fazer esta ponte entre o conhecimento e a indústria, que tem demandas crescentes. Ainda podemos observar que algumas indústrias, como no setor farmacêutico, por exemplo, importa-se pesquisadores e mão-de-obra especializada de outros estados para cargos de alto nível e com bons salários. Essas vagas, seguramente, podem ser preenchidas por goianos bem preparados e antenados com a realidade tecnológica dessas indústrias. Observamos, ainda, que muitas empresas, até então, tinham de bater à porta de outros centros em busca de soluções tecnológicas. Agora, estamos começando a reverter esta situação, dentro da nova estratégia da Fieg e do Senai, de fazer a ponte do setor produtivo com o conhecimento através dos institutos de tecnologia.
Precisamos fazer com que a indústria de Goiás esteja preparada para dar saltos ainda maiores no futuro, se projetando com tecnologia de ponta, com produção de qualidade e inovação e, sobretudo, com profissionais bem preparados, a fim de que as demandas de mercado e os desafios de competitividade sejam atendidos de forma plena. Acredito que o Governo deve exercer um papel importante neste contexto. Ou seja, temos de unir forças e recuperar o tempo que foi perdido decorrente desta falta de conexão entre as empresas, o meio acadêmico e o mercado. E, diga-se de passagem, conexão é o que o mundo globalizado está praticando na atualidade e nós não podemos ficar parados e deixar passar o bonde da história.
Wilson de Oliveira é vice-presidente da Federação das Indústrias de Goiás; presidente da Fieg Regional Anápolis e do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos); representante da Fieg junto ao Conselho de Assuntos Legislativos da Confederação Nacional da Indústria (CAL/CNI).