Entrevista com Zeca Melo, superintendente do Sebrae-RN
03/07/2017
Por: Anayde Góis - Singraf / ASSECOM
Zeca Melo
Superintendente do Sebrae-RN
O economista potiguar José Ferreira de Melo Neto, mais conhecido como Zeca Melo, cursou pós-graduação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, atualmente, é diretor da Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte (COHAB-RN) e de outras empresas privadas no Rio de Janeiro e em Recife. Zeca Melo também é presidente do BDRN e da Associação Brasileira dos SEBRAEs, além de membro do Conselho Deliberativo do Sebrae Nacional e superintendente, desde 2003, no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio Grande do Norte (Sebrae-RN).
Com um forte trajeto em prol das micro e pequenas empresas, Zeca Melo ingressou no Centro de Apoio Gerencial às Pequenas e Médias Empresas – CEAG/RN (entidade que antecedeu o Sebrae) - como economista recém-formado, onde aprendeu muito e também pode contribuir para o fortalecimento. Há cerca de vinte anos, já como superintendente, acompanha a luta dos pequenos negócios, que geram empregos e trabalhos, mas que nem sempre têm a sua importância reconhecida.
Nas horas livres, o superintendente do Sebrae-RN gosta de ler livros, assistir filmes antigos, almoçar com os amigos e acompanhar seu grande time, o Flamengo. Como inspiração, Zeca Melo segue os dizeres de Winston Churchill que afirma que “alguns vêem a empresa privada como um predador a ser abatido, outros como uma vaca a ser ordenhada, mas muito poucos a vêem como um poderoso garanhão puxando a carreta”.
Quando questionado sobre o atual momento econômico vivenciado no Brasil, Zeca Melo afirma que o país conseguirá sair da crise com muito esforço e, principalmente, com trabalho árduo. "As micro e pequenas empresas, que são mais ágeis e dinâmicas, por vezes encontram oportunidades em meio à crise, seja alterando seu produto, reduzindo custos ou buscando um novo nicho de mercado. Mas dizer que passam incólumes pelo turbilhão que atravessamos seria faltar com a verdade. O Sebrae sabe das dificuldades dos pequenos negócios e até criou um produto específico, cujo nome já diz tudo: Supere a Crise.", afirma o superintendente.
Confira a entrevista!
1. O senhor tem uma caminhada em defesa das micro e pequenas empresas. Quando e como foi o início desse trabalho?
Talvez o mais certo seria dizer que o SEBRAE tem uma caminhada em defesa das micro e pequenas empresas. Sou apenas um dos guias dessa caminhada, há alguns anos. Ingressei no CEAG (entidade que antecedeu o SEBRAE) como economista recém-formado, aprendi muito e também pude contribuir de alguma forma para seu fortalecimento. Há cerca de vinte anos, já como superintendente, acompanho as agruras dos pequenos negócios, que geram empregos e trabalho, mas nem sempre têm sua importância reconhecida.
2. O que pode ser considerado como sendo as principais conquistas em prol dos pequenos empresários na sua gestão?
É difícil nominar “principais” já que todas as ações do SEBRAE são realizadas em prol das pequenas empresas (não dos pequenos empresários). Mas, se você quer determinar um fato específico, diria que a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2006, foi um marco. Foi um trabalho conjunto, de todo o Sistema Sebrae e de muitos parceiros. Nesse momento o Brasil começou a cumprir a determinação constitucional de tratar a MPE de forma diferenciada, simplificada e favorecida. Somente a partir dessa legislação nacional foi possível ao Rio Grande do Norte criar leis que facilitassem a instalação de novos negócios e fortalecessem aqueles já existentes. Outro ponto importante foi o reconhecimento e incorporação do tema empreendedorismo como prioritário quando se discute política de desenvolvimento no Brasil.
3. Quais as maiores dificuldades enfrentadas no RN para instalação de uma empresa, e no que o Sebrae contribui para a solução dessas dificuldades?
Em que pese a legislação direcionada à simplificação para abertura de um negócio, ainda há muita burocracia e obrigações acessórias, que demandam esforço e tempo dos dirigentes para seu cumprimento. O tempo gasto para a obtenção de licenciamentos ou pagamentos de taxas e contribuições, por exemplo, é um tempo que o empresário não dedica à atividade fim de sua empresa. É um tempo perdido para o negócio dessa empresa.
4. Como o Senhor analisa o momento atual para micros e pequenas empresas? E quais as perspectivas para 2017?
Diria que a crise atual não tem precedentes. Talvez só comparável à da queda da bolsa americana, em 1929, que estudamos em livros de história. O Brasil e o Rio Grande do Norte vão superar este momento, mas só farão isso com muito esforço e, principalmente, trabalho árduo. As micro e pequenas empresas, que são mais ágeis e dinâmicas, por vezes encontram oportunidades em meio à crise, seja alterando seu produto, reduzindo custos ou buscando um novo nicho de mercado. Mas dizer que passam incólumes pelo turbilhão que atravessamos seria faltar com a verdade. O SEBRAE sabe das dificuldades dos pequenos negócios e até criou um produto específico, cujo nome já diz tudo: Supere a Crise. O cliente acessa esse programa pelo Portal SEBRAE, e após preencher um questionário recebe visita de um analista do SEBRAE, que estuda a situação e lhe entrega um diagnóstico da empresa e sugestão de plano de melhoria. É um esforço para minorar o quadro atual.
5. A criação do MEI - Micro Empreendedor Individual – tem como objetivo principal trazer para a formalidade os pequenos negócios. O Sebrae tem acompanhado o crescimento? E qual o segmento de serviços e comércio que mais cresce nessa linha?
O SEBRAE acompanha com satisfação o crescimento dos MEI, que são uma opção ao desemprego que se abate sobre tantos trabalhadores potiguares e suas famílias. Em 2012 o numero de MEI era de 36,6 mil e em 2016 chegou a 86,4 mil. Crescimento de mais de 135%. Sobre as atividades que mais atraem esses empreendedores se desatacam comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios, bem como minimercados, mercearias e armazéns. Quanto a serviços a concentração é em cabeleireiros, além de alimentação fora do lar, como restaurantes e lanchonetes.
6. Neste momento em que muitos brasileiros estão optando pelo empreendedorismo, qual é o seu conselho para essas pessoas que se aventuram no mundo dos negócios?
Diz o provérbio popular que “cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Mais do que nunca isso é verdadeiro, no sentido de que cada um planeje cuidadosamente o negócio que pensa iniciar. Que você tenha afinidade com a atividade ou pelo menos goste dela. Que você pesquise o mercado para saber se o público também gosta desse produto ou serviço que você imagina. E que você esteja pronto para bem geri-lo. De tudo o que falei creio que a gestão é o ponto principal para o negócio prosperar. E trabalhar muito.
7. O Sebrae firmou recente parceria com o governo federal e com o Banco do Brasil para reduzir a burocracia e orientar o acesso a crédito aos empresários de pequenos negócios. O senhor pode explanar mais sobre essa parceria denominada "Empreender Mais Simples"?
Os convênios previstos nesta parceria entre SEBRAE, Governo Federal e Banco do Brasil vão reduzir a burocracia e orientar empresários de pequenos negócios para acesso ao crédito, principalmente capital de giro. Dez sistemas informatizados serão melhorados, ou mesmo criados, de forma a que o ambiente de negócios tenha mais agilidade e menos burocracia. O empresário terá mais tempo para se dedicar à produção de bens e/ou serviços.
8. Quais são as orientações da instituição para as pequenas empresas que estão com débitos no Simples Nacional?
É hora de negociar, sempre, quaisquer que sejam os débitos que a empresa tenha. Seja uma dívida com bancos ou órgãos oficiais, é preciso expor a situação e conversar, para estabelecer uma nova forma de pagamento da dívida. Isso vale até para fornecedores, que também têm dificuldades, mas geralmente estão abertos à renegociação.
9. No mês de fevereiro de 2017, o Sebrae-RN realizará o Seminário Empretec, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Fale sobre a importância do seminário para os micro e pequenos empresários que pretendem identificar e potencializar o seu comportamento empreendedor.
O Empretec é um seminário bem diferente do que o senso comum entende como capacitação. Ele é direcionado para o empreendedor, que tem oportunidade de testar e fortalecer suas habilidades, preparando-se para enfrentar os desafios do mercado. Depoimentos mostram que a pessoa sai do Empretec transformada e confiante, apta a planejar e administrar um negócio, a fazer diferença na própria vida.
10. Como pode ser descrito o crescimento de MPEs no interior do estado do Rio Grande do Norte?
Não dá para diferenciar os negócios no interior do RN. Na verdade, a crise chegou para todos.
11. Tendo em vista que o Sebrae é um grande parceiro do Sindicato das Indústrias Gráficas do Rio Grande do Norte (Singraf-RN), como a instituição vem contribuindo para os empresários que pretendem investir no setor gráfico potiguar?
O SEBRAE, por meio de pesquisas regulares, tem apoiado empreendedores do setor gráfico potiguar, que podem tomar a decisão de investir baseados em dados confiáveis, que sempre mantêm atualizado o diagnóstico realizado em 2015. O SEBRAE, junto com o Sindicato, apóia empresários que desejam participar de eventos técnicos e de atualização, inclusive com consultorias tecnológicas e outras demandas desse importante segmento de negócios.