Apesar do bom avanço do plantio da soja nos Estados Unidos - de 14% para 32% da área - os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago trabalham com estabilidade na manhã desta terça-feira (16). Por volta de 8h (horário de Brasília), o julho valia US$ 9,65 e não apresentava variações, enquanto o novembro/17 - referência para a safra americana, perdia 1 ponto para valer US$ 9,59.
O mercado internacional, como explicam analistas e consultores, parece ainda tratar com alguma incerteza e cautela as expectativas para a nova safra americana, embora, por enquanto, nenhum problema muito grave tenha sido registrado para a soja.
Além disso, a comercialização mais lenta no Brasil também começa a exercer uma influência ainda maior sobre o andamento dos preços, principalmente em função da movimentação do dólar frente ao real. "A venda por parte dos produtores brasileiros tem sido muito lenta nesta temporada. Vimos um pico de vendas quando o dólar chegou, nos últimos dias, a R$ 3,20", disse Joe Lardy, da CHS Hedging, em entrevista ao Agrimoney.
E neste momento, o dólar volta à casa dos R$ 3,10 e pode deixar as vendas brasileiras ainda mais travadas neste momento, o que pode continuar dando algum suporte às cotações, embora insuficiente para, neste momento, ao menos, incentivar novas e expressivas altas.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja: Semana começa com disponível em R$ 68 nos portos do Brasil e negócios lentos
Nesta segunda-feira (15), os preços da soja fecharam com leves altas no mercado futuro norte-americano. A commodity subiam entre 1 e 2,25 pontos na Bolsa de Chicago, levando o julho/17 a US$ 9,65 por bushel e o novembro/17, referência para a safra americana, a US$ 9,60.
Durante o pregão, os futuros da soja chegaram a testar altas mais expressivas, porém, ainda assim foram insuficientes para permitir que os preços no Brasil pegassem carona nesse bom momento, pressionados ainda pelo dólar baixo frente ao real. A moeda americana recuou pelo quinto pregão consecutivo e fechou o dia com R$ 3,1060, com uma queda de 0,58%.
"O mercado está otimista em relação à reformas. O dólar ir abaixo de 3,10 reais e ficar lá depende de Brasília", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel à agência de notícias Reuters.
Com isso, as principais referências no mercado interno voltaram a cair. As baixas no interior do Brasil ficaram, nesta segunda, entre 0,76% e 2,41%. A exceção ficou por conta de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, onde o preço subiu 1,72% para R$ 59,00 por saca.
Já nos portos, estabilidade em Paranaguá, com R$ 68,50 no disponível e a referência março/2018 em R$ 70,00 por saca. No terminal de Rio Grande, os valores ficaram em, respectivamente, R$ 68,00 e R$ 71,00 por saca. Já em Imbituba, Santa Catarina, o disponível encerrou a segunda com R$ 66,00, caindo 1,49%.
A semana começou lenta para os negócios no mercado nacional. Para o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Genebra, na Suíça o produtor brasileiro deve estar atento às próximas oportunidades, mas acredita ainda que os negócios só devem voltar a acontecer, com volumes expressivos, com as cotações de volta aos R$ 70,00 nos portos.
Mercado Internacional
No mercado internacional, o avanço das cotações encontrou sustentação na alta do petróleo e na baixa do dólar, embora tenha caminhado de lado durante quase todo o dia.
Entretanto, a maior atenção dos traders ainda se dá sobre o clima nos Estados Unidos. "O mercado está atento à evolução do plantio nos campos do Meio-Oeste, mas a grande oferta mundial limita ganhos mais expressivos. Depois de duas semanas com chuvas excessivas e frio intenso, os trabalhos de campo ganharam melhor ritmo nos últimos dias", explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.
A semeadura da soja foi reportada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), após o fechamento do mercado, em 32% da área até o último domingo (14), contra 14% da semana passada, 34% do mesmo período do ano passado e 32% de média plurianual. O total ficou acima das expectativas do mercado, as quais eram de 25% a 30%.
Além disso, o mercado recebeu ainda embarques semanais dos EUA abaixo do esperado, tal qual o esmagamento da soja em abril, com números trazidos pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA).
O esmagamento de soja em abril, nos Estados Unidos, totalizou 3,8 milhões de toneladas, volume que ficou abaixo das expectativas do mercado, que variavam de 3,84 milhões a 4,08 milhões de toneladas. O total é menor ainda do que o total de março - de 4,17 milhões de toneladas - e do mesmo período de 2016, quando foram esmagadas 4,02 milhões.