Setores de alimentos e de veículos pesaram no resultado; no ano, produção da indústria acumula queda de 8 %
RIO - A produção de alimentos e veículos pesou com força e a indústria apagou cinco meses de resultados positivos em agosto com o pior resultado em quatro anos e meio, destacando a fragilidade do setor. A produção industrial recuou em agosto 3,8% na comparação com o mês anterior, após cinco meses seguidos de ganhos, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o pior resultado mensal desde a queda de 4,9% verificada em janeiro de 2012.
· "A queda de agosto anula os cinco meses de crescimento. As expectativas que se construíram (de recuperação) nitidamente não estão se concretizando", avaliou o economista do IBGE André Macedo.
· O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 4,30% a expansão de 0,47%, com mediana negativa de 3,10%.
· Em relação a agosto de 2015, a produção recuou 5,2%. Nesta comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de retração de 3,40% a 6,20%, com mediana negativa de 5,00%. No ano, a produção da indústria acumula queda de 8,2%. Em 12 meses, o recuo é de 9,3%.
· As principais influências negativas para o resultado geral foram dos produtos alimentícios (-8,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,4%). A fabricação e alimentos eliminou o avanço de 1,9% verificado em julho, enquanto a produção de veículos teve a segunda queda consecutiva, acumulando nesse período uma perda de 14,0%.
· "A redução na produção de automóveis tem relação direta com paralisações na produção de montadoras, reduções de jornada, que já vinham ocorrendo para adequar estoques à demanda. Mas, para esse mês particular teve um adicional, a paralisação de uma determinada empresa em função de um problema de fornecimento de matéria-prima. Isso traz uma consequência importante para a fabricação de automóveis", disse Macedo, referindo-se à briga da Volkswagen com uma fornecedora de autopeças, que paralisou a linha de montagem da fabricante e afetou o desempenho da produção de automóveis em agosto ante julho.
· No caso de alimentos, houve influência negativa das condições climáticas desfavoráveis sobre o setor de cana de açúcar.
· Outras contribuições negativas importantes para o total da indústria no período foram das indústrias extrativas (-1,8%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,9%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-5,1%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-6,9%), de metalurgia (-1,7%), de máquinas e equipamentos (-1,6%) e de produtos de borracha e de material plástico (-1,9%).
· Na direção oposta, o ramo de produtos farmoquímicos e farmacêuticos avançou 8,3% em agosto ante julho, eliminando a queda de 7,3% verificada no mês anterior./ DANIELA AMORIM, DAAGÊNCIA ESTADO, E REUTERS