Foi lançado na quarta-feira (16), em Corumbá (MS), o primeiro frigorífico de abate de jacarés do estado, o Caimasul. Os abates devem começar em janeiro ou fevereiro de 2017.
Até o momento, já foram aplicados nas instalações cerca de R$ 15 milhões, e a expectativa é que o empreendimento tenha um faturamento anual na faixa de R$ 40 milhões.
Além do frigorífico, o grupo atua na recria e engorda de jacarés-do-Pantanal. As informações na íntegra estão no site da Embrapa, em matéria assinada pela jornalista Ana Maio.
Para montar o empreendimento, o grupo coletou na natureza ovos de jacarés, gerando renda a ribeiros e fazendeiros. "Nós pagamos pela coleta, que é feita em propriedades rurais, em áreas autorizadas", afirmou o zootecnista Willer Girardi do Caimasul.
A intenção é manter as baias com 80% de animais nascidos em cativeiro e 20% coletados na natureza. Girardi disse que esse manejo não provoca perdas no plantel do Pantanal.
Segundo Raul Amaral Campos Filho, um dos responsáveis pelo Caimasul, os maiores prejudicados com o empreendimento são os caçadores ilegais de jacarés. "Sabemos que daqui sairão produtos legais e de qualidade", afirmou, durante a cerimônia de lançamento.
A intenção é abater os jacarés com oito quilos, o que pode ser obtido a partir de 18 meses. Nas baias, a temperatura, lotação e alimentação são controladas. O veterinário Eduardo Borges disse que os animais comem vísceras bovinas, de peixes e farinha.
Enquanto filhotes, cada baia recebe cerca de 2 mil animais, segundo Girardi. Com o tempo e conforme se desenvolvem, no final do ciclo cada baia concentra cerca de 200 jacarés.
A expectativa é chegar a 80 mil jacarés no sistema. Além dos animais que serão abatidos, alguns serão selecionados como matrizes para reprodução. "Vamos começar o trabalho de melhoramento genético. Já estamos selecionando os mais precoces", contou o zootecnista.
A carne do jacaré mais precoce é mais macia, assim como acontece na bovinocultura. Girardi explicou que há 11 cortes aproveitados pelo mercado de jacarés, como filé e coração. O Caimasul pretende aproveitar todo o animal, incluindo o couro, a cabeça e as vísceras.
Quando estiver em plena operação, a expectativa é empregar diretamente 120 funcionários, além de mais 200 empregos indiretos.
Presente na cerimônia de lançamento, o pesquisador da área de Alimentos da Embrapa Pantanal, Jorge Antonio Ferreira de Lara, colocou o laboratório de processamento de carnes à disposição do Caimasul. A unidade poderá atuar apoiando a industrialização da carne de jacaré.
"O foco será no padrão de qualidade da matéria-prima do abate, na conservação e na qualidade da carne. Também podemos ajudar no desenvolvimento de produtos derivados, na caracterização e vida de prateleira", afirmou Lara.
Para o chefe de Transferência de Tecnologias da unidade, José Aníbal Comastri Filho, o Pantanal comporta a exploração sustentável de jacarés, e toda a pesquisa desenvolvida sobre os animais nas últimas décadas poderá ser aproveitada pelos empresários.