Na noite desta última terça-feira, 1º, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Tocantins, Bartolomé Alba Garcia, participou do Encontro Estadual da Indústria, que reuniu, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), empresários da indústria tocantinense em prol da discussão sobre o atual panorama do setor nos cenários local e nacional. Promovido pela Federação da Indústria do Estado do Tocantins (Fieto), o evento teve como foco a promoção de uma análise crítica da conjuntura política econômica brasileira e, para isto, contou com os palestrantes Arnaldo Jabor, jornalista e comentarista político, e Gustavo Loyola, o economista e ex-presidente do Banco Central.
Para Bartolomé Garcia, o Encontro foi fundamental para desmistificar alguns pensamentos acerca da atual crise que se instaurou. “Este evento veio ao encontro do que a gente precisava ouvir. A gente tinha algumas ideias sobre esta crise atual, porém, agora vieram dois técnicos de renome para nos falar sobre ela; um voltado mais à política e outro mais à área financeira. A alegria que eles acabaram nos proporcionando foi a de que já existe um panorama positivo, não completamente positivo, mas prevendo que a partir do próximo ano já haverá uma melhoria, principalmente na área da construção civil. Não vai ser um quadro tão otimista quanto foi o ano de 2014, mas, já vamos notar, ao invés de uma queda, um possível superávit neste setor”, afirmou o presidente do Sinduscon-TO.
“Gigante condenado a crescer”
Participaram do evento, ainda, a vice-governadora do Estado, Cláudia Lelis, representantes dos 11 sindicatos filiados à Federação, empresários do ramo industrial e o presidente da Fieto, Roberto Pires, responsável pela abertura oficial do Encontro, momento este no qual ele apresentou aos presentes a Carta da Indústria do Tocantins 2015. O documento aponta as diretrizes e os valores considerados pela Federação como essenciais para o desenvolvimento econômico do setor.
Segundo Roberto Pires, a partir dos debates realizados, é possível se ter uma compreensão melhor sobre os fatores que levam a esta crise e os que podem levar a sair dela. “Nós vivemos dentro de uma grande crise econômica no País, por isto, escolhemos trazer dois especialistas para tratar do assunto. O que se quer com isto é ter um entendimento melhor deste processo, do tempo que devemos levar para sairmos dela, de quais são as perspectivas para o pós-crise e algumas outras respostas. O momento que o Brasil e o Tocantins vive é muito sério e que preocupa muito o nosso segmento. Nós decidimos por promover o evento no segundo semestre para, efetivamente, podermos ter mais clareza sobre o que estamos vivendo. Nós somos muito esperançosos, o País já viveu outras crises, mas ele é um gigante condenado a crescer. Mesmo quando muitas coisas erradas acontecem, ele insiste em crescer; e temos a esperança de que não será diferente desta vez”, destacou o presidente da Fieto.
Manutenção do otimismo
O primeiro palestrante da noite foi Arnaldo Jabor, que traçou análises políticas que levaram o País à situação atual, responsabilizando o atual governo, e falou da importância da manutenção de um pensamento otimista em momentos assim. “O problema da crise é que a gente nunca sabe exatamente o que vai acontecer; ela está tão profunda, que não há outro assunto. E existe uma perplexidade porque é muito óbvio o erro do governo atual, muito visível; e o problema maior é que eles não largam o osso e não deixam ser realizadas as reformas que o Brasil precisa. Mas, é sempre bom ter algum otimismo, até porque o pessimismo não leva a nada. Eu tenho um aspecto otimista e creio que o Brasil está passando por um processo de grande transformação, que é dolorosa, mas que é positiva no fundo. A gente não é mais o que era há 20, 30 anos; nós éramos uns idiotas. Agora, a sociedade evoluiu muito, a opinião pública e a consciência coletiva evoluíram muito”, ressaltou o também escritor e cineasta Jabor.
Crise passageira
Responsável pela última palestra, Gustavo Loyola destacou que faz parte da cultura econômica as variantes entre bons e maus tempos, e que o atual não deve inibir os empresários tocantinenses. “Os empresários têm que ter uma atitude defensiva, não se pode subestimar a gravidade da crise. De fato, ela é profunda, porque ela tem raízes políticas. Mas, por outro lado, eles não devem jogar fora tudo o que construíram e desanimar. Acho que o processo de economia é este mesmo, tem bons tempos, de bonança, e tempos de dificuldades, como este. Se é que eu posso dar um conselho aos empresários, é que eles tomem cuidado com este ambiente econômico um pouco mais incerto, mas não renunciem a investir e a apostar no próprio negócio. A crise tende a ser passageira; em algum momento, ela vai reverter. Certamente, não em 2015, mas logo mais em frente, em 2016, a situação pode melhorar e quem estiver mais bem posicionado no mercado é que vai se aproveitar desta retomada”, afirmou Loyola, que elogiou a Carta da Indústria apresentada: “a Fieto está de parabéns pela clareza que mostrou na forma de enxergar a crise; a Carta é excelente e aponta os caminhos de um verdadeiro crescimento”, finalizou Gustavo Loyola, que presidiu, por duas vezes (1992/1993 e 1995/1997), o Banco Central e foi eleito, em 2014, o economista do ano.
Carta da Indústria 2015
A Carta da Indústria do Tocantins 2015 apresenta diretrizes e valores que, de acordo com a Fieto e os 11 sindicatos filiados a ela, apontam rumo à moralidade e ao desenvolvimento econômico do setor.
O documento encontra-se em anexo nesta matéria para download.